Abstract:
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Objetivo: Investigar a prevalência de lesão por pressão e fatores associados nas diferentes fases do quotidiano do processo de reabilitação de pessoas com lesão medular. Método: Estudo de abordagem quantitativa, descritiva, retrospectiva, desenvolvido em um Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual, no sul do Brasil. Participaram 121 pessoas com lesão medular reabilitadas, no período de outubro/2019 a janeiro/2020. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais, guiadas por um roteiro semiestruturado, contendo dados epidemiológicos e clínicos. Os dados coletados foram inseridos em uma planilha do Google sheets e, posteriormente, analisados com auxílio do software Statistical Package for the Social Science. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e testes de associações entre as variáveis de interesse por meio dos testes Qui quadrado e exato de Fisher. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultado: A amostra foi de 121 indivíduos, 71,9% do sexo masculino, com idade média de 42,5 anos (DP=13,4) e média de idade no momento da lesão medular de 34,1 anos (DP=12,6). Quanto ao estado civil, 52,1% estavam casados ou vivendo em união estável. A maioria possuía ensino fundamental completo, renda individual média de R$ 1.801,20 (DP=R$1.417,40) e renda familiar média de R$ 3.001,00 (DP=R$1.712,00). Os acidentes de trânsito representaram a principal causa de lesão medular 43%, com destaque para os acidentes de moto, seguido de queda 16%, ferimento por arma de fogo 15%, mergulho 4%, enquanto que as causas não traumáticas somaram 22,3% do total de indivíduos, com destaque para as mielopatias. Dos 78% indivíduos com lesão medular traumática, 73,4% apresentaram AIS (A) e 52,9% referiram apresentar paraplegia. A prevalência de lesão por pressão no ingresso do programa de reabilitação foi de 42,1%, associadas à internação hospitalar, com destaque para as regiões sacral, isquiática e trocantérica. Na fase tardia da lesão medular, pós-programa de reabilitação, a prevalência da lesão por pressão foi de 30,6%, também com destaque às regiões sacral, isquiática e trocantérica. Em relação aos possíveis motivos associados ao aparecimento de lesão por pressão pós-programa de reabilitação, destacou-se a inobservância para o autocuidado, relacionado ao esquecimento/preguiça, dependência, tristeza e outras condições e motivos de saúde. Houve associação estatisticamente significante entre ser do sexo masculino e o desenvolvimento da lesão por pressão no inicio do programa (p<0,024) e prevalência de lesão por pressão no grupo de lesão traumática (p<0,001). Considerações finais: Verificou-se significativa prevalência de lesão por pressão nos diferentes momentos do processo de reabilitação de pessoas com lesão medular, sinalizando a necessidade premente da reabilitação precoce na atenção hospitalar e da continuidade do cuidado em reabilitação na atenção primária à saúde, considerando que a lesão por pressão é uma complicação evitável e impacta na qualidade de vida e inclusão social dessas pessoas. |