Mulheres vivendo com HIV e os desafios da atuação da enfermagem na Atenção Primária à Saúde

Abstract

Introdução: A epidemia de HIV/AIDS continua a ser um desafio global significativo, com milhões de pessoas afetadas em todo o mundo. Segundo dados do relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids 54% das pessoas vivendo com HIV são mulheres e meninas, onde toda semana, cerca de 4.900 mulheres jovens de 15 a 24 anos são infectadas. O presente estudo investiga as complexidades enfrentadas por mulheres vivendo com HIV/AIDS, destacando aspectos psicossociais e de qualidade de vida. Ademais, evidencia o papel da enfermagem na assistência a este público, seus desafios e dificuldades. Objetivo: Este estudo teve como objetivo geral refletir sobre a perspectiva dos enfermeiros frente às demandas de mulheres vivendo com HIV e aos desafios da atuação da enfermagem na atenção primária à saúde. Método: Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória de caráter qualitativo. Este estudo foi realizado em onze Unidades Básicas de Saúde localizadas em uma capital da Região Sul do Brasil, sendo todas integrantes de um mesmo Distrito Sanitário do município. A coleta de dados foi realizada primariamente através do preenchimento de um questionário on-line da plataforma Google Forms®, e posteriormente na modalidade presencial através de entrevistas junto aos enfermeiros das unidades, totalizando 15 entrevistados. Os dados qualitativos foram analisados mediante análise de conteúdo de Bardin. O estudo seguiu as normas que regulam a pesquisa com seres humanos. Resultados: A pesquisa evidenciou as percepções dos enfermeiros sobre a assistência às mulheres vivendo com HIV, abrangendo questões acerca de queixas do processo clínico da infecção e do tratamento, e também referentes a qualidade de vida e aspectos psicossociais, como o estigma, dificuldade de compartilhamento do diagnóstico e impacto em sua rede social/relacional. Já acerca dos desafios da assistência, os resultados apontaram para uma insipiência dos profissionais para os atendimentos envolvendo o HIV, subsidiada por uma formação acadêmica com pouco enfoque no tema e necessidade de educação permanente. Fatores como estigma remanescente na equipe de saúde frente à infecção e dificuldade de acesso dos pacientes aos serviços de saúde, também foram citados. Considerações finais: Destaca-se a necessidade do enfoque na qualidade de vida das pacientes vivendo com HIV durante as consultas de enfermagem, juntamente com a criação de um vínculo paciente-profissional para reforçar a adesão ao tratamento e aproximação da paciente aos serviços de saúde. Evidencia-se também a necessidade de maior abordagem da temática durante a formação acadêmica e profissional para um melhor qualificação dos enfermeiros, bem como um maior aporte de locais de atendimento e retirada da medicação, visando uma maior abrangência da população.