Quantificação microbiana em lúmen e túbulos dentinários de 3 protocolos de contaminação in vitro

Abstract

Modelos de estudo in vitro que simulam uma infecção do sistema de canais radiculares são utilizados rotineiramente em estudos laboratoriais para avaliar protocolos de desinfecção e substâncias antimicrobianas na Endodontia. O objetivo desse estudo foi comparar 3 protocolos de contaminação in vitro estabelecidos na literatura, através da quantificação microbiana por contagem de UFC de E. faecalis, em lúmen e túbulos dentinários. Foram selecionados 48 pré-molares inferiores humanos, com canal central único. Após padronização do tamanho da raiz e diâmetro do canal radicular, os dentes foram divididos em 3 grupos de acordo com o tempo de contaminação de 1, 5 e 21 dias. Após esse período, foram realizadas coletas microbiológicas do lúmen do canal e de profundidade nos túbulos dentinários. A coleta do lúmen foi realizada com o auxílio de cones de papel absorvente que permaneceram no interior do canal por 1 minuto. Depois, as amostras foram clivadas em 3 terços. Para cada terço, foram utilizadas brocas tronco cônicas diamantadas, em ordem crescente de tamanho e os debris coletados. Os cones de papel e os debris foram depositados em microtubos contendo BHI caldo. Os mesmos foram diluídos, plaqueados em BHI ágar e incubados a 37°C por 24 horas para posterior contagem das UFC's. Os dados foram submetidos à análise estatística. A contaminação de 21 dias permitiu maior quantidade de células bacterianas no lúmen do canal radicular e nos túbulos dentinários, nos 3 terços estudados e em todas as profundidades avaliadas, quando comparada à contaminação de 1 e de 5 dias. A contagem de UFC do terço apical foi menor que nos terços cervical e médio no grupo de 21 dias, com valores insignificantes para a contaminação de 1 dia e 5 dias. Concluiu-se que a presença de biofilme imaturo impediu a penetração bacteriana no interior dos túbulos dentinários, sendo o protocolo de contaminação de 21 dias, o que apresentou maior profundidade de penetração alcançada pelos microrganismos.

Abstract: In vitro study models that simulate an infection of the root canal system are routinely used in laboratory studies to evaluate disinfection protocols and antimicrobial substances in endodontics. The objective of this study was to compare three established in vitro contamination protocols found in the literature, through microbiological quantification by counting CFU (colony-forming units) of E. faecalis in the root canal lumen and dentinal tubules. Forty-eight human mandibular premolars with a single central canal were selected. After standardizing the root size and root canal diameter, the teeth were divided into three groups according to the contamination period of 1, 5, and 21 days. After this period, microbiological samples were collected from the canal lumen and depth in the dentinal tubules. The lumen collection was performed using absorbent paper points that remained inside the canal for 1 minute. Then, the samples were divided into thirds. For each third, diamond-shaped taper drills were used in increasing order of size to collect the debris. The paper points and debris were deposited in microtubes containing BHI broth. They were diluted, plated on BHI agar, and incubated at 37°C for 24 hours for subsequent CFU counting. The data were subjected to statistical analysis. In the lumen collection and the three depths of the three thirds, the 21-day contamination showed higher counts and presented statistical differences compared to the 1-day and 5-day contamination. The CFU count in the apical third was lower than in the cervical and middle thirds in the 21-day group, with insignificant values for the 1-day and 5-day contamination. It was concluded that the presence of immature biofilm prevented bacterial penetration into the dentinal tubules, and the 21-day contamination protocol showed the greatest depth of penetration achieved by microorganisms.