Avaliação de Tecnologia Social na Revolução dos Baldinhos
Author:
Fonseca, Paula Fernanda; Rodrigues, João Arthur
Abstract:
A presente pesquisa interligou duas comunidades distintas geograficamente, porém conectadas através da relação entre comunidade e resíduos sólidos. Essa conexão entre o projeto de compostagem termofílica realizado pela Revolução dos Baldinhos e a vila do Lago do Limão (Iranduba – Amazonas) se efetua por meio de replicação da Tecnologia Social elaborada na primeira delas.
A Revolução dos Baldinhos originou-se na comunidade Chico Mendes, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis. Essa, hoje, associação comunitária surge em 2008 após uma emergência de saúde pública assolar a região derivada de casos de leptospirose decorrente de um período de fortes chuvas. A comunidade até então não possuía medidas comunitárias de tratamento para os resíduos sólidos e educação ambiental; os resíduos eram recolhidos por meio da coleta programada pela Autarquia de Melhoramentos da Capital. As chuvas fortes e o descuido com a deposição de dejetos domésticos, resultaram no aumento de roedores, vetores da doença.
Portanto, como um mecanismo de prevenção ao aumento dos casos de leptospirose, nasceu a Revolução dos Baldinhos que visava trabalhar conjuntamente a comunidade na gestão de resíduos sólidos por meio da compostagem termofílica. Para que o projeto, desenvolvido em uma parceria entre funcionárias/os do Posto de Saúde do Monte Cristo, pesquisadoras/es do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO/UFSC) e representantes comunitárias/os, foi fundamental a participação de moradoras/es. O passo seguinte é o transporte do conteúdo dos baldinhos até um dos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) existentes na comunidade. Duas vezes na semana, o material é recolhido e encaminhado para o canteiro de compostagem, atualmente situado na Escola América Dutra Machado.
Esse método desenvolvido pela Revolução dos Baldinhos, não só ajudou a comunidade em questões de saúde pública e saneamento, mas também fomentou a possibilidade de aumento na arrecadação financeira através da comercialização de adubos derivados da compostagem e outros produtos – o que possibilitou a continuidade da Revolução, bem como a sua inscrição como Associação. Ao ser reconhecida e certificada como uma Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil, em 2011, a Revolução passou a ser replicada em outras cidades do país, expandindo os conhecimentos por meio de formações populares em gestão comunitária de resíduos sólidos.
Os resultados e as conexões sociais provenientes deste projeto, contribuíram para outras pesquisas; artigos; análises e apresentações realizadas pela rede de “Antropologias do Lixo/Resíduos Sólidos”. Uma rede de pesquisadores e pesquisadoras de diferentes localidades tanto no Brasil quanto no exterior formado em 2014. Visando o desenvolvimento de projetos que interligam a Antropologia com questões socioambientais.