Entre os paralelos 23ºS e 25ºS: as causas da Guerra do Pacífico de 1879 a 1884

Abstract

A Guerra do Pacífico de 1879 foi um conflito entre Chile, Peru e Bolívia que resultou na conquista do litoral boliviano, Tarapacá e Arica por parte dos chilenos. Este trabalho tem como objetivo traçar os interesses políticos e econômicos peruanos, bolivianos e chilenos que desencadearam o conflito. É notável que a região entre os Paralelos 25ºS e 23ºS foi disputada por Chile e Bolívia desde a década de 1840. Essa disputa normalmente é apontada com o motor principal para o conflito, porém, busca-se aqui levantar e criticar três principais pontos que confluem junto da legitimação territorial, sendo eles: o papel do capital estrangeiro europeu na economia dos três países; a contextualização da série de acordos e tratados entre os países desde a década de 1860; e o súbito interesse pelo guano e pelo salitre ocorrido em Tarapacá e no Atacama, que fez com que as regiões se tornassem centrais para os cofres públicos desses três Estados do Pacífico Sul. Herdeiros dos fardos da época colonial e da guerra de independência contra a Espanha, Bolívia, Chile e Peru se configuraram dentro de uma base político-econômica similar, porém com diferenças cruciais que pavimentaram o pouco mais de meio século que os separam das respectivas independências à Guerra do Pacífico. Pretende-se aqui analisar as construções histórico-sociais que diferem em algumas posturas dentro de um similar modus operandi, caracterizado pela implantação do modelo republicano capitalista em paralelo à manutenção de estruturas tipicamente latino-americanas do século XIX, como a exportação de matérias-primas visando um aumento do fluxo de importações europeias. A análise aqui realizada aponta que o conflito bélico ocorre dentro de um contexto de crescente ação imperialista europeia na região, que teve como resultado a maior penetração dos interesses de empresários particulares europeus, enfraquecendo ainda mais o controle nacional da economia dos países.

Resumen: La Guerra del Pacífico de 1879 fue un conflicto entre Chile, Perú y Bolivia que resultó en la conquista de la costa boliviana, Tarapacá y Arica por parte de los chilenos. Este trabajo tiene como objetivo rastrear los intereses políticos y económicos peruanos, bolivianos y chilenos que desencadenaron el conflicto. Cabe destacar que la región entre los paralelos 25ºS y 23ºS ha sido disputada por Chile y Bolivia desde la década de 1840. Esta disputa, por general es identificada como el principal motor del conflicto, el objetivo aquí es plantear y criticar tres puntos principales que convergen con la legitimidad territorial: el papel del capital extranjero europeo en la economía de los tres países; la contextualización de la serie de acuerdos y tratados entre países desde la década de 1860; y el súbito interés por el guano y el salitre que se produjo en Tarapacá y Atacama, que convirtió a las regiones en centrales de las arcas públicas de estos tres estados del Pacífico Sur. Herederos de las desgracias de la época colonial y la guerra de independencia contra España, Bolivia, Chile y Perú, se configuraron dentro de una base político-económica similar, pero con diferencias cruciales que pavimentaron el poco más de medio siglo que los separa de las respectivas independencias a la Guerra del Pacífico. Se pretende aquí analizar las construcciones histórico-sociales que difieren en algunas posturas dentro de un modus operandi similar, caracterizado por la implantación del modelo republicano capitalista en paralelo al mantenimiento de estructuras típicamente latinoamericanas del siglo XIX, como la exportación de materias primas destinadas a incrementar el flujo de importaciones europeas. El análisis aquí realizado señala que el conflicto bélico se da en un contexto de creciente acción imperialista europea en la región, lo que se tradujo en una mayor penetración de los intereses de los empresarios privados europeos, debilitando aún más el control nacional sobre la economía de los países.