Produção e caracterização de nano e macromoléculas a partir de resíduos de gengibre para produção de embalagens ativas

Abstract

No Brasil, a produção anual de plásticos é de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas, dos quais 40% são utilizados na indústria de embalagens, cujo destino principal são os aterros sanitários. Visando contornar esses problemas e estudar substitutos aos plásticos convencionais, pesquisadores e engenheiros da indústria alimentícia têm se dedicado ao estudo de embalagens biodegradáveis e renováveis que atendam às exigências dos consumidores que buscam embalagens modernas, práticas, não poluentes, como as embalagens biopoliméricas baseadas em carboidratos e proteínas. O gengibre é considerado uma fonte não convencional de amido e fibras solúveis, moléculas capazes de formar filmes. Entretanto, os filmes biocompósitos feitos com amido apresentam desafios. Sua interação com a água é uma limitação significativa, pois as propriedades dos filmes são afetadas pela umidade relativa do ar durante o armazenamento. Além disso, esses filmes frequentemente possuem propriedades mecânicas inadequadas para aplicação direta como embalagem primária de alimentos. Nesse cenário, o presente estudo teve como objetivo a elaboração e caracterização de filmes biocompósitos a partir da farinha de resíduo de gengibre reforçados com gelatina. Foram avaliados os efeitos da concentração de farinha de resíduo de gengibre e gelatina (1:1, 1,5:1 e 4:1, m/m) nas propriedades mecânicas e de barreiras à umidade. A barreira ao vapor de água aumentou (5,621 – 7,747 10-1g.mm/h.m2.kPa) com o aumento da concentração de farinha. As propriedades mecânicas apresentaram reduções de resistência máxima à tração (4,38 – 11,65 Mpa), elongação até a ruptura (0,80 – 1,81%) com o aumento da concentração de farinha, e o módulo de Young não foi significativamente afetado (535,46 – 719,91 Mpa) para diferentes concentrações. Portanto, este estudo demonstra que a obtenção de filmes renováveis a partir do resíduo industrial da extração do gengibre e gelatina é possível, permitindo a confecção de embalagens primárias para alimentos com propriedades mecânicas e de barreia adequadas.