Avaliação e desenvolvimento de cochonilhas associadas com mimosa scrabella no sul do Brasil
Author:
Gabriel, Sbardelotto
Abstract:
O parasitismo de cochonilhas Stigmacoccus paranaensis em Mimosa scabrella
(bracatinga) é essencial para a produção do “mel de melato da bracatinga”.
Aspectos da biologia e ciclo de vida das cochonilhas, necessários para
incremento na produção deste mel, ainda não foram sistematicamente
descritos. O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento e a
reprodução das cochonilhas que ocorrem associadas a M. scabrella em
localidades de Santa Catarina e do Paraná, além de estabelecer um método de
dispersão destes insetos. As avaliações do desenvolvimento, aspectos
reprodutivos e sucesso da taxa de dispersão foram realizadas nos municípios
de União da Vitória (PR) e Biguaçú (SC). Para caracterizar o desenvolvimento
e reprodução, as cochonilhas foram coletadas e observados em laboratório. As
fêmeas adultas foram pesadas e o número de ovos contados diariamente. Os
machos em estádio de ninfa foram coletados e mantidos em ambiente
climatizado para observações diárias e registro de imagens. O método de
dispersão foi realizado a partir da fixação de carapaças contendo ovos nos
troncos das bracatingas. As cochonilhas fixadas foram contadas a cada dois
meses até completar 24 meses de monitoramento. O desenvolvimento foi
semelhante nos dois locais avaliados, independente das condições abióticas.
As fases reprodutivas surgem entre 540 e 600 dias após a dispersão, fase em
que as cochonilhas são arostradas. As fêmeas apresentaram massa corporal
média de 24,5 mg e de número ovos de 235,5. Os machos tem ciclo de
desenvolvimento pupal de 30 dias até a emergência de adultos alados. O
método de dispersão proposto foi adequado para o estabelecimento das
cochonilhas em bracatingas, com taxa média de sucesso inferior a 15%. Em
conjunto, os métodos de avaliações utilizados permitiram identificar mudanças
morfológicas ao longo do tempo e compreender aspectos relacionados a
dispersão e biologia das cochonilhas. Estes resultados são inéditos e
representam um avanço científico relevante no conhecimento sobre o ciclo de
vida e reprodução de S. paranaensis, bem como à manutenção de sistemas
sustentáveis de produção e conservação da biodiversidade.