Abstract:
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Este projeto de pesquisa buscou analisar a dinâmica e a evolução do mercado de trabalho em Santa Catarina no período entre 2001 e 2022. Para isso, foram desenvolvidos dois subprojetos, sendo o presente relatório fruto do segundo deles, cujo objetivo é analisar o comportamento do emprego formal no estado catarinense. Essa análise foi realizada à luz das transformações recentes do mundo do trabalho, em articulação com as mudanças recentes ocorridas na economia brasileira. As principais bases de dados empregadas foram a RAIS e o Novo CAGED. A análise desses dados foi dividida em cinco períodos: de 2001 a 2014; de 2015 a 2019; e, individualmente, os anos de 2020, 2021 e 2022. De 2004 a 2014 Santa Catarina beneficiou-se enormemente do processo de redução do desemprego e de formalização das ocupações deflagrado no país. Nesse período, houve uma forte expansão do emprego formal, com grande contribuição dos setores de serviços e comércio. Já a partir de 2015, a crise econômica observada no país repercutiu negativamente no mercado de trabalho de Santa Catarina, dobrando sua taxa de desocupação em apenas três anos. Tal aumento do desemprego foi provocado, principalmente, pela retração nas atividades industriais. Após esse período, verificou-se uma retomada dos vínculos formais de trabalho em termos absolutos a partir de 2017, com destaque para o setor de serviços e alguns subsetores industriais. Contudo, essa retomada não foi suficiente para recuperar o grau de formalização do emprego existente no período anterior à crise. Já a partir de 2020, todos os indicadores analisados apresentaram fortes flutuações, em decorrência dos impactos da pandemia da COVID-19. Nesse período, os principais resultados dão conta de que a pandemia causou flutuações semelhantes nos indicadores do mercado de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, porém com impactos menos intensos em âmbito estadual. As atividades econômicas com maior necessidade de contato pessoal direto foram mais prejudicadas, enquanto os serviços empresariais, a indústria e o comércio de bens considerados essenciais apresentaram os melhores resultados. Já no período de retomada, entre 2021 e 2022, destaque para a geração de empregos nos setores de serviços e da construção. Espacialmente, houve concentração dos empregos no Vale do Itajaí, enquanto as regiões Serrana e da Grande Florianópolis tiveram expansões mais modestas. Em relação à renda, houve uma queda de quase 10% nos salários reais médios em 2020 e 2021, o que representou um retorno aos patamares de 2011. Assim, embora o estado tenha apresentado forte geração de empregos no período, os indicadores analisados sinalizam uma perda de qualidade dos postos formais de trabalho. |