Abstract:
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Vinhos finos são derivados exclusivamente de variedades européias (Vitis vinifera L.), tais como Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Pinot Noir e Merlot, que conferem qualidade superior às variedades americanas. No entanto, estas variedades são suscetíveis a diversas doenças e, quando cultivadas em regiões com elevada precipitação, ocorre a infecção do míldio da videira (Plasmopara viticola), que pode resultar na perda de 100% da produção, quando não manejada eficazmente. A alternativa mais sustentável é o desenvolvimento de cultivares resistentes. O uso da seleção assistida por marcadores moleculares (SAMM) permite piramidar genes de resistência, além de reduzir de 5 a 10 anos o tempo para o lançamento de variedades resistentes com qualidade para vinhos finos. Assim, o presente trabalho objetivou aplicar a seleção assistida por marcadores moleculares (SAMM) para selecionar progênies contendo genes de resistência (R-genes) à P. viticola piramidados. Para o estudo foi utilizada uma população de cruzamento (PR_1 x PR_8) que segrega para os alelos de resistência Rpv1, Rpv3.1 e Rpv10. O DNA foi extraído das progênies e dos parentais utilizando protocolo baseado em CTAB. O DNA foi amplificado via PCR com marcadores moleculares do tipo CAPS, associados aos três alelos de resistência ao míldio. Após a digestão dos amplicons com enzima específica, os fragmentos de DNA foram separados por meio de eletroforese em gel de agarose (1,5%). Complementarmente, foi realizada a análise fenotípica, na qual foi aplicada uma suspensão contendo esporos de P. viticola sobre discos foliares de cada progênie e, após sete dias, foi feita a análise do nível de resistência utilizando o descritor OIV-452. Como resultado, foram identificadas 7 progênies com nenhum alelo de resistência, 22 com apenas um alelo e 26 com ao menos dois alelos piramidados. Das progênies que obtiveram piramidação, 2 possuem Rpv1 + Rpv10, 6 possuem Rpv1 + Rpv3.1, 10 possuem Rpv1 + Rpv3.1 e 8 possuem Rpv1 + Rpv3.1 + Rpv10. As progênies contendo ao menos um alelo Rpv foram mais resistentes que as progênies sem nenhum alelo Rpv, com exceção do alelo Rpv3.1, para o qual as 18 progênies demonstraram suscetibilidade. Este resultado sugere adaptação do patógeno a este alelo de resistência. De modo geral, a piramidação de alelos Rpv aumentou a resistência e nenhuma das progênies contendo alelos piramidados foi suscetível. Estes resultados são fundamentais para o programa de melhoramento genético da UFSC em parceria com a Epagri. |