Abstract:
|
Os gatos domésticos (Felis catus) são considerados por muitas pessoas, animais
de estimação com hábitos solitários e independentes. Porém, existem evidências que
estes animais apresentam comportamento afiliativo com seus tutores, criando vínculos
afetuosos. Logo, o presente estudo objetivou comparar o comportamento entre gatos
domésticos sozinhos e que convivem com outros gatos no mesmo lar, em relação as
suas interações com os tutores e pessoas fora do âmbito familiar. Para este fim, foi
utilizado o banco de dados de um questionário sobre comportamento felino do ano de
2020, que foi direcionado a residentes em Florianópolis, SC, que possuem um ou mais
gatos. Foram filtradas 376 respostas com as informações gerais do ambiente e forma de
aquisição dos gatos pelos tutores, seus comportamentos espontâneos e reativo com seus
tutores e com pessoas fora do vínculo familiar. As informações consideradas gerais,
como município de residência, dados dos tutores e gatos, ambiente do gato, foram
estruturadas de maneira descritiva. Já as variáveis de comportamentos espontâneos e
reativos foram referentes a comparações de gatos que vivem em lares sozinhos, em
duplas, trio ou quartetos. Os dados foram submetidos a teste de normalidade e
posteriormente a análise não-paramétrica de Kruskal-Wallis com testes pareados (Post-
hoc) de Wilcoxon / Mann-Whitney, utilizando-se a distribuição de Qui-quadrado (χ2)
para comparar possíveis associações de condição do gato (sozinho ou acompanhado) no
mesmo lar com as variáveis comportamentais. Para os comportamentos espontâneos os
resultados mostram que gatos que vivem sozinhos no lar tendem a morder (p<0.01) e
arranhar (p<0.01) mais o tutor quando comparados aos demais. Tanto nos lares com um
gato (p=0.08) ou com quatro gatos (p=0.03), os felinos apresentaram maior
predisposição em arranhar objetos. Para os comportamentos reativos (ao ser acariciado,
escovado, repreendido, manuseado por pessoas e veterinários) não houve evidências de
diferenças de comportamentos dos gatos que vivem sozinhos, em duplas, trios ou
quartetos. Concluiu-se que gatos que vivem sozinhos no lar tendem a interagir mais
com o tutor de forma espontânea, com ações de morder e arranhar. Lares com quatro
gatos foram os que apresentaram menor interação com os tutores, provavelmente pelo
fato dos gatos interagirem mais entre seus semelhantes. Não houve evidências de
diferenças entre comportamentos reativos quando comparados gatos que vivem
sozinhos no lar ou com outros gatos. |