Abstract:
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Esta pesquisa foi realizada durante o ano de 2022, com o intuito de analisar as experiências de professores de ciências em redes de ensino públicas e privadas, durante a pandemia da covid-19. Buscamos identificar as diferenças na transição do ensino presencial para o ensino remoto, o uso de tecnologias, tanto por docentes como por estudantes. Os resultados desses usos no desempenho escolar, as fake news, o ensino híbrido e as possíveis consequências que a pandemia poderá trazer para a educação básica também estão contemplados nessa pesquisa. Através de um formulário online, as professoras entrevistadas responderam sobre suas vivências na pandemia e o modo como ela impactou sua prática. O retorno desses relatos revelou grandes mudanças no uso das ferramentas digitais, jornadas de trabalho excessivas, dificuldades no acompanhamento do desempenho escolar e principalmente a desigualdade social entre as redes de ensino públicas e privadas, por exemplo, o dificultoso acesso às tecnologias digitais pelos estudantes da rede pública. Foi possível aferir que nas redes públicas de ensino, em razão de problemas estruturais decorrentes de investimentos insuficientes, o início do ensino remoto foi mais demorado, diferente de certas escolas particulares que deram início ao ensino remoto de maneira aligeirada, não deixando espaço suficiente para a adaptação de professores e estudantes. A partir das respostas das professoras entrevistadas, identificamos que antes mesmo da covid-19 os docentes da rede pública já se queixavam da falta de formação para o uso de ferramentas digitais, enquanto em certas escolas privadas esse uso já fazia parte da rotina previamente à pandemia. Além da falta de formação para o uso das tecnologias, destaca-se a dificuldade ao acesso desses meios por parte dos estudantes das redes públicas. A relação entre professor e aluno de ambas as unidades de escolas públicas e privadas comprometeu-se com o isolamento social, em que o docente não tinha como acompanhar o desempenho escolar dos estudantes. As fake news, tema importante durante a pandemia, prejudicaram consideravelmente o enfrentamento da doença e a divulgação da benesse das vacinas, assuntos que foram contemplados nesta pesquisa. O retorno híbrido às aulas exigiu novas metodologias de ensino, como novos hábitos com as medidas de prevenção à covid-19 dentro das escolas. As docentes apontaram que os principais efeitos da pandemia para o presente e o futuro serão a defasagem em relação aos conteúdos, problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, mas que, por outro lado, a pandemia trouxe um pouco mais de valorização da escola e dos professores, vistos como essenciais por parte de muitos pais e estudantes. A reflexão trazida pelos relatos das entrevistadas, vinculada à educação básica e pública, aponta para a maior autonomia docente diante do enfrentamento de fake news do que as professoras entrevistadas das escolas privadas. Isso reforça a ideia de que precisamos lutar cada vez mais pela educação básica e pública, com os necessários investimentos, para a construção de uma educação cidadã e autônoma. Podemos observar nos relatos de todas as entrevistadas a necessária valorização da vida por meio das medidas de prevenção ao contágio, mas também a ênfase para a importância do acolhimento de alunos e professores, o necessário investimento em tecnologias e estrutura física das escolas e, por fim, formação dos docentes para o uso dessas ferramentas. |