O protagonismo da população negra nos primórdios do Mercado Público de Florianópolis

Abstract

A pesquisa analisa sobre a presença da população negra na capital catarinense através da sua atuação no Mercado Público de Florianópolis-SC, inaugurado em 1851, desvelando os debates da elite local e dos administradores públicos, onde as motivações para a construção desse aparelho urbano acabam posicionando os descendentes de africanos no centro da questão. A ocultação da atuação não- branca no município se desfaz quando se observa os documentos da época, negligenciados pela historiografia. São as quitandeiras, quituteiras e pombeiras(os) negras(os) as responsáveis pela distribuição dos gêneros alimentícios na Freguesia do Desterro e sua atuação não pode ser descolada da trajetória do Mercado Público. Para Pintaudi (2006), os mercados públicos determinam as primeiras separações entre homem/natureza, uma vez que o homem deixa de produzir a sua existência, anunciando outros ritmos para o tempo e espaço social através das trocas de produtos. O Mercado Público, enquanto local de abastecimento e comercialização de produtos, se metamorfoseia na modernidade com o surgimento de outras formas de escoamento e troca das mercadorias, assumindo um caráter mais tradicional e produzindo uma identidade social na paisagem urbana. Logo, é sobre seu aspecto socioeconômico, atravessado pelas relações assimétricas dos grupos étnicos que compõem a demografia da cidade, que se desenvolverá esse trabalho.