Análise imuno-histoquímica da microdensidade vascular por meio dos marcadores CD-105 e VEGF e da intensidade do infiltrado inflamatório na progressão da displasia epitelial oral

Abstract

O carcinoma epidermoide é a principal neoplasia maligna que ocorre na boca, sendo geralmente precedido por lesões potencialmente malignas (LPM). As LPM se caracterizam como alterações epiteliais com risco aumentado de progressão para o carcinoma epidermoide de boca (CEB) comparando a mucosa normal. Histologicamente, as LPM podem apresentar displasia epitelial (DE), que representa um dos primeiros indícios de progressão. Devido às alterações teciduais existentes em lesões potencialmente malignas e malignas, o estroma é permeado por um infiltrado inflamatório crônico, o qual estimula a angiogênese. Tal relação se dá pela intensa participação de mediadores químicos inflamatórios que promovem a neoformação vascular. A fim de entender melhor o papel da angiogênese e do processo inflamatório na carcinogênese, esse estudo teve como objetivo analisar a intensidade do infiltrado inflamatório e a microdensidade vascular em LPM com presença de displasia epitelial oral (DE) e de carcinoma epidermoide de boca. Como controle de epitélio não neoplásico foi incluído um grupo de hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI). A amostra foi composta por 22 casos de HFI, 46 de DE e 21 de CEB. Em lâminas coradas pela hematoxilina e eosina, foi feita a análise histológica da intensidade do infiltrado inflamatório, assim como a classificação dos casos de DE segundo o sistema binário, em displasias de alto risco de malignização (DEAM) e baixo risco de malignização (DEBM), e segundo a classificação em três níveis em DE leve, moderada ou severa. A análise da microdensidade vascular (MDV) foi realizada por meio da técnica de imuno-histoquímica com o marcador de angiogênese CD-105 na lâmina própria dos casos de DE e HFI, e no estroma dos casos de CEB. Também foi realizada a avaliação imuno-histoquímica para VEGF no epitélio das lesões. Observou-se que a MDV e a presença de infiltrado inflamatório aumentou conforme o aumento da malignidade da lesão. Dentro das DE, as DE severas e de alto risco obtiveram maiores índices de MDV e infiltrado inflamatório. Já em relação a expressão de VEGF, as DE foram as lesões com maior expressão de tal mediador químico. Ao comparar a MDV com a expressão de VEGF, constatou-se que a MDV aumentou com o aumento da expressão de VEGF, confirmando a relação entre as duas variáveis. Conclui-se que o aumento da MDV e do infiltrado inflamatório é proporcional à progressão maligna do epitélio, diferente da expressão de VEGF, a qual foi mais intensa em DE. Além disso, a associação entre a expressão de VEGF e a MDV suportam o papel desse fator de crescimento na angiogênese durante a carcinogênese oral.

Squamous cell carcinoma is the main malignant neoplasm that occurs in the mouth, usually preceded by potentially malignant disorders (PMD). PMD are characterized as epithelial alterations with an increased risk of progression to oral squamous cell carcinoma (OSCC) compared to normal mucosa. Histologically, PMD may show epithelial dysplasia (ED), which is one of the first signs of progression. Due to existing tissue changes in potentially malignant and malignant lesions, the stroma is permeated by a chronic inflammatory infiltrate, which stimulates angiogenesis. This relationship is due to the intense participation of inflammatory chemical mediators that promote vascular neoformation. To better understand the role of angiogenesis and the inflammatory process in carcinogenesis, this study aimed to analyze the intensity of the inflammatory infiltrate and the microvascular density in PMD with the presence of oral epithelial dysplasia and squamous cell carcinoma of the mouth. As a non-neoplastic epithelium control, an inflammatory fibrous hyperplasia (IFH) group was included. The sample consisted of 22 cases of IFH, 46 of ED and 21 of OSCC. In slides stained with hematoxylin and eosin, a histological analysis of the intensity of the inflammatory infiltrate was carried out, as well as the classification of ED cases according to the binary system, in dysplasias of highrisk of malignancy (HRED) and low-risk of malignancy (LRED), and according to the classification into three levels of mild, moderate or severe ED. The analysis of microvascular density (MVD) was performed using the immunohistochemical technique with the angiogenesis marker CD-105 in the lamina propria of ED and IFH cases, and in the stroma of OSCC cases. Immunohistochemical evaluation for VEGF in the epithelium of the lesions was also performed. It was observed that the MVD and the presence of inflammatory infiltrate increased as the malignancy of the lesion increased. Within the ED, severe and high-risk ED had higher rates of MVD and inflammatory infiltrate. Regarding the expression of VEGF, the ED were the lesions with the highest expression of this chemical mediator. When comparing MVD with VEGF expression, it was found that MVD increased with increasing VEGF expression, confirming the relationship between the two variables. It is concluded that the increase in MVD and inflammatory infiltrate is proportional to the malignant progression of the epithelium, different from the expression of VEGF, which was more intense in ED. Furthermore, the association between VEGF expression and MVD support the role of this growth factor in angiogenesis during oral carcinogenesis.