Abstract:
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Eugenia uniflora L. (pitangueira) é uma espécie-chave da Mata Atlântica com importância ecológica,
produzindo óleos essenciais e compostos secundários para elaboração de cosméticos e fitoterápicos,
enquanto seus frutos são utilizados na fabricação de alimentos processados e consumo in natura. O
presente trabalho objetivou a otimização de um protocolo para organogênese in vitro de pitangueira,
verificando-se a eficiência do uso de biorreatores de imersão permanente e temporária. Sementes
maduras foram desinfestadas, germinadas in vitro, e após 60 dias, segmentos nodais das plântulas
estabelecidas foram introduzidos em diferentes meios de indução organogênica, compostos por MS
ou WPM e suplementados com 0,5µM de ANA e diferentes concentrações de BAP. Contaminações
supostamente endofíticas foram isoladas, cultivadas e submetidas à coloração de Gram visando
determinar as suas características morfológicas. As vitroplantas foram introduzidas em espumas
fenólicas e subcultivadas em três diferentes tipos de biorreatores contendo meio de cultura ½ MS. As
vitroplantas foram aclimatizadas e, posteriormente, cultivadas em casa de vegetação. Ao final dos
experimentos, foram avaliados o acúmulo de biomassa, enraizamento, e níveis de clorofilas e
carotenoides. Apenas 10% das sementes introduzidas in vitro contaminaram e 87% germinaram.
Segmentos nodais foram efetivamente regenerados em meio MS ou WPM com 0,5µM de ANA e 2,0
a 2,5µM de BAP, apresentando médias superiores à 80% de resposta organogênica, 6,3 folhas, e 1,15
brotações por vitroplanta. A coloração de Gram revelou a presença de bactérias gram-positivas e de
fungos, que não impediram o desenvolvimento da parte aérea das vitroplantas. O uso de biorreatores
de imersão permanente com trocas gasosas apresentou eficiência para o acúmulo de biomassa,
aumento de área foliar e maiores quantidades de clorofilas e carotenoides. Biorreatores de imersão
temporária/frascos duplos apresentaram maior eficiência para o enraizamento. Não se detectou
eficiência para ambas as variáveis quanto ao uso de biorreatores de imersão permanente sem trocas
gasosas. Após aclimatização, houve 100% de sobrevivência de vitroplantas enraizadas in vitro. A
organogênese a partir de segmentos nodais de plântulas de pitangueira geradas in vitro é efetivamente
induzida em meio MS ou WPM suplementados com 0,5 µM de ANA e 2,0 a 2,5 µM de BAP. Os
microrganismos endofíticos são alternativa para futuras investigações em experimentos de co-cultura.
A micropropagação de E. uniflora via organogênese pode ser realizada em duas etapas distintas, (i)
cultivo inicial das vitroplantas em biorreatores de imersão permanente com trocas gasosas, visando o
acúmulo de biomassa e área foliar e (ii), enraizamento das vitroplantas em biorreatores de imersão
temporária/frascos duplos. |