A colaboração científica internacional em oceanos: análise do perfil das redes integradas por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina

Abstract

O pós-Guerra Fria é marcado pela proliferação das colaborações científicas internacionais em todas as áreas científicas. As redes ficaram mais densas e integradas e presenciaram a entrada de países em desenvolvimento. A inserção nessas redes é um dos meios pelos quais os países têm acesso a conhecimento externo de última geração, permitindo-lhes utilizar o conhecimento obtido a nível internacional como meio de crescimento econômico e de desenvolvimento na medida em que possuem capacidades de absorção e sistema de inovação adequados para isso. O objetivo geral deste trabalho foi descrever as redes de colaboração científica internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para a agenda dos oceanos. Em âmbito internacional, a agenda da ciência oceânica é uma das que mais se destaca devido à implementação da Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030). O indicador utilizado para mapeamento das redes foi o de coautoria internacional obtido a partir de pesquisa bibliométrica na base Web of Science por meio de palavras-chave relacionadas aos oceanos, tendo a UFSC como escopo. Foi obtido um total de 457 artigos em coautoria internacional publicados a partir do ano de 1993. Uma das inovações metodológicas adotadas foi a conferência e o tratamento manual de parte dos dados, permitindo identificação de erros nos algoritmos (principalmente no que se refere ao financiamento) e que, no caso dos autores brasileiros, reconheceu-se apenas sua filiação predominante para impedir dupla contagem de sua filiação e reduzir distorções dos dados. Entre as descobertas desta pesquisa, destaca-se a predominância dos países desenvolvidos nas redes compostas pelos pesquisadores da UFSC em ciência oceânica. A grande maioria dos artigos (92,8%) recebeu algum tipo de financiamento, sendo que em 75,9% houve, pelo menos, a presença de uma agência pública brasileira como fonte de financiamento. Percebeu-se, ainda, por um lado, baixa convergência entre as áreas dos artigos e a economia do mar catarinense e, por outro lado, tal convergência se apresenta quando se analisa pelo conceito de economia azul.

The post-Cold War period is marked by the proliferation of international scientific collaborations in all scientific fields. The networks have become denser and more integrated and witnessed the entry of developing countries. Insertion in these networks is one of the means by which countries have access to state-of-the-art external knowledge, allowing them to use the knowledge gained internationally as a means of economic growth and development, insofar as they have absorption capacities and a system of innovation suitable for this. The general objective of this research was to describe the international scientific collaboration networks of the Federal University of Santa Catarina (UFSC) for the ocean agenda. Internationally, the ocean science agenda is one of the most prominent due to the implementation of the United Nations Decade of Ocean Science for Sustainable Development (2021-2030). The indicator used for mapping the networks was the international co-authorship obtained from bibliometric research in the Web of Science base through keywords related to the oceans, and having UFSC as scope. A total of 457 international co-authored articles published from 1993 onwards were obtained. One of the methodological innovations adopted was the checking and manual treatment of part of the data, allowing the identification of errors in the algorithms (mainly regarding funding) and, in the case of Brazilian authors, only their predominant affiliation was recognized to prevent double counting of their affiliation and reduce data distortions. Among the findings of this research, the predominance of developed countries in the networks composed by UFSC researchers in ocean science stands out. The vast majority of articles (92.8%) received some kind of funding, and in 75.9% there was, at least, the presence of one Brazilian public agency as a source of funding. On the one hand, there was a low convergence between the areas of the articles and the economy of the sea in Santa Catarina and, on the other hand, this convergence is presented when analyzed by the concept of blue economy.