1938: Futebol, Identidade nacional e a crônica esportiva no jornal “A Gazeta”

Abstract

O seguinte trabalho é resultado de uma pesquisa histórica que buscou relacionar assuntos relevantes e que já foram alvo de extensos debates historiográficos: identidade nacional e sua relação com a imprensa. Sabemos que a crônica esportiva ganhou cada vez mais espaço nas mídias impressas no início do século XX. Este trabalho buscou retratar a importância dos jornais na difusão do futebol pelo Brasil. A pergunta que moveu a pesquisa foi: quando o Brasil tornou-se o “país do futebol”? Ancorando-se nos estudos de Eric Hobsbawm e Benedict Anderson, a pesquisa aponta que essa tradição inventada foi parte de um projeto político durante o governo de Getúlio Vargas no Estado Novo, quando este buscava imaginar uma comunidade, criar um rosto para o Brasil. A prova viva disso foi a Copa do Mundo de 1938. O projeto varguista ancorou-se em um intelectual que ganhava cada vez mais espaço na escrita da história do Brasil. O conceito de “Democracia racial” foi desenvolvido por Gilberto Freyre e a ideia de harmonia entre as raças vocalizada ainda mais pelo jornalista Mário Filho no seu clássico O negro no futebol brasileiro. A pesquisa também percorreu a trajetória da seleção brasileira no torneio mundial de futebol de 1938, último grande evento esportivo antes da eclosão da II Guerra Mundial. A mesma utilizou como fonte o jornal de Florianópolis intitulado “A Gazeta”, além de apontar também que as ideias de sociedade imaginadas pelo Estado varguista encontravam espaço nas colunas esportivas do jornal catarinense escritas por Osmar Cunha.