Efeitos do tratamento quimioterápico no desenvolvimento dentário: uma revisão de literatura

Abstract

Contexto: Com os avanços nas alternativas terapêuticas antineoplásicas, o tratamento do câncer infantil está cada vez mais eficaz, com consequente melhoria relevante nas taxas de sobrevida. Compreendendo tumores malignos diagnosticados em crianças com idade entre zero e quinze anos, o câncer infantil tem sua terapia administrada durante a idade de formação do dente, podendo interferir neste desenvolvimento, principalmente no que se refere à formação dos dentes permanentes. Objetivo: analisar, por meio de uma revisão de literatura, os efeitos do tratamento quimioterápico no desenvolvimento dentário. Metodologia: as fontes de dados englobaram dois bancos de dados, pesquisa manual das referências dos estudos selecionados. Estudos de observação clínica de grupos de pacientes cujo tratamento quimioterápico tenha sido realizado ainda na infância (entre 0 a 15 anos) foram incluídos. Nove artigos foram selecionados. Resultados: As deformidades do esmalte e as má-formações radiculares foram as alterações mais comumente encontradas como decorrentes do tratamento quimioterápico. Não há um consenso sobre a relação entre microdontia e quimioterapia. Sobre a agenesia, quando o terceiro molar era excluído da análise, não foi observado correlação direta com o tratamento. Ainda, não foi encontrada correlação entre a quimioterapia e alterações no crescimento craniofacial ou alterações na erupção dos dentes. Por fim, a idade ao iniciar a quimioterapia, aparece em grande parte dos estudos como o fator determinante das alterações dentárias, estando diretamente ligados o estado de formação dentária com a época da realização do tratamento. Conclusão: O tratamento quimioterápico em crianças apresenta um fator de risco para o desenvolvimento de alterações dentárias, estando a severidade dessas alterações diretamente associada à idade do paciente ao iniciar o tratamento, sendo as alterações citadas mais recorrentes em pacientes que receberam quimioterapia entre 2 e 4 anos de idade.

Context: With advances in antineoplastic therapeutic alternatives, the treatment of childhood cancer is increasingly effective, with consequent improvement in survival rates.Comprising malignant tumors diagnosed in children aged between zero and fifteen years, childhood cancer has its therapy administered during the age of tooth formation, which may interfere with this development, especially with regard to the formation of permanent teeth. Objective: to analyze, through a literature review, the effects of chemotherapy on dental development.Methodology: data sources encompassed two databases, manual search of references of selected studies. Clinical observation studies of groups of patients whose chemotherapy treatment was performed in childhood (between 0 and 15 years old) were included. Nine articles were selected.Results: Enamel deformities and root malformations were the most commonly found alterations as a result of chemotherapy treatment.There is no consensus on the relationship between microdontia and chemotherapy.Regarding agenesis, when the third molar was excluded from the analysis, no direct correlation with treatment was observed.Still, no correlation was found between chemotherapy and changes in craniofacial growth or changes in tooth eruption. Finally, age at initiation of chemotherapy appears in most studies as the determining factor in dental alterations, with the state of dental formation being directly linked to the time of treatment. Conclusion: Chemotherapy treatment in children presents a risk factor for the development of dental alterations, and the severity of these alterations is directly associated with the patient's age at the beginning of treatment, with the aforementioned alterations being more recurrent in patients who received chemotherapy between 2 and 4 years of age.