Instrumento de avaliação de desempenho resiliente em um sistema de produção de sangue com base nas interações sociotécnicas.

Abstract

Nos últimos anos ocorreu um crescimento das investigações sobre resiliência na literatura científica e sua abordagem tornou-se multidisciplinar havendo apreciação de estudos nas áreas de engenharia, psicologia, ciência organizacional, ecologia, saúde e física. Especificamente, na área da saúde, o termo resiliência é visto como um novo conceito em que as pesquisas foram impulsionadas após o surto do ebola entre os anos de 2014 e 2015, na África ocidental, e, durante a pandemia de coronavírus, SARS-Cov-2, em 2019, comumente conhecida como COVID-19. Sobre esse contexto, esta pesquisa foi elaborada com base na Engenharia de Resiliência, que aborda tanto a segurança, quanto os processos de negócios vinculados a produtividade e eficácia. Neste caso, embora os métodos tradicionais sejam baseados em técnicas quantitativas de análise, medição e gerenciamento de riscos, acabam por enfatizar a tabulação dos erros e falhas, ou seja, são baseados na percepção e não consideram na análise as diretrizes humanas. Diante disso, este estudo visou desenvolver um instrumento de avaliação de desempenho de resiliência para centros de hematologia e hemoterapia com base nas práticas sociotécnicas e nos princípios de resiliência da área da saúde. A pesquisa foi classificada quanto a sua natureza como aplicada e em relação aos seus objetivos exploratória e descritiva, sendo a sua execução fragmentada em seis etapas: (i) apreciação da pesquisa em comitê de ética; (ii) elaboração do constructo; (iii) aplicação do questionário caracterização da empresa; (iv) identificação do ambiente de estudo, via mapeamento de processos; (v) investigação das práticas sociotécnicas e ergonômicos, e, práticas enxutas; (vi) elaboração do instrumento de Avaliação de Desempenho Resiliente para Hemocentros (ADS-H); e (vii) calibração e aplicação do instrumento proposto. O instrumento ADR-H visa auxiliar essas organizações de saúde a identificar o significado de resiliência, avaliar o que permite desenvolvê-la em condições de trabalho habitual, e, investigar as habilidades de resiliência, classificando-as sobre os princípios de resiliência da área da saúde. Assim, tem-se uma forma de mensurar o desempenho de resiliência da organização, através da composição das medidas de capacidades. Em relação ao caso, identificou-se, por meio desta pesquisa, nove princípios de resiliência da área da saúde que foram utilizados para formulação do instrumento. Por meio destes tem-se um meio para identificar o desempenho de resiliência da organização, sob a ótica dos fatores humanos e da gestão da segurança. Essa abordagem considera a percepção do ambiente por quem os opera, sendo esta, contudo, dependente do modelo de gestão aplicado na organização. Assim, como meio de validação do instrumento ADR-H, este foi aplicado no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), na unidade coordenador, nos setores correspondentes ao ciclo de produção do sangue, em que pôde-se evidenciar que o hemocentro faz um esforço para responder, aprender e monitorar o crítico, mas possuí baixa capacidade para antecipar o potencial de resiliência. Como resultados da elaboração do instrumento ADR-H têm-se que a sua aplicação ajuda no desenvolvimento de sistemas de gestão proativos, evidenciando a capacidade adaptativa, que sustenta a resiliência na organização, no âmbito das atividades cotidianas.

Abstract: In recent years, there has been an increase in research on resilience in the scientific literature and its approach has become multi-disciplinary, with an appreciation of studies in the fields of engineering, psychology, organizational science, ecology, health, and physics. Specifically, in the health field, the term resilience is a new concept in research that has been propelled after the Ebola outbreak between 2014 and 2015 in West Africa and during the coronavirus pandemic, SARS-Cov-2, in 2019, commonly known as COVID-19. In this context, this research was prepared based on Resilience Engineering, which addresses both security and business processes linked to productivity and effectiveness. In this case, although traditional methods are based on quantitative techniques of analysis, measurement, and risk management, they end up emphasizing the tabulation of errors and failures, in other words, they are based on perception and do not consider human guidelines. Therefore, this study aimed to develop a resilience performance assessment instrument that would consider sociotechnical practices and resilience principles. The research was classified as applied in nature and exploratory and descriptive regarding its objectives. Thus, the execution of the study was divided into six stages: (i) review of the research by an ethics committee; (ii) elaboration of the construct; (iii) application of the company characterization questionnaire; (iv) identification of the study environment via process mapping; (v) investigation of socio-technical and ergonomic practices, and lean practices; (vi) development of the resilient performance assessment tool for the blood centers (ADS-H), and (vii) calibration and application of the ADR-H instrument. The application of the ADR-H instrument can help to identify the meaning of resilience for the organization, assess what allows for the development of resilient performance under usual working conditions, and investigate organizational response, monitoring, anticipation, and learning, classifying them on the principles of resilience in the health field. As means for validation, the instrument was applied at the Center for Hematology and Hemotherapy of Santa Catarina (HEMOSC), in the coordinating unit, in the sectors corresponding to the blood cycle, in which it was evident that the blood center tries to respond, learn, and monitor the critical, but has a low capacity to anticipate the potential for resilience. As a result of the elaboration of the ADR-H instrument, its application helps in the development of initiative-taking management systems, showing the adaptive capacity, which sustains resilience in the organization, in the context of daily activities.