Uso do oxímetro de pulso em dentes submetidos à radioterapia: um estudo in vitro

Abstract

O objetivo deste estudo foi investigar in vitro os efeitos da radiação ionizante (RI) nas estruturas dentais de dentes extraídos e submetidos à radioterapia, quanto à leitura da SpO2 realizada pelo oxímetro de pulso (OP) a partir de um dedo óptico (simulador). Foram utilizados 54 dentes extraídos de humanos, hígidos, sem calcificações pulpares e com rizogênese completa. Os dentes foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos (n = 18). A leitura inicial (T0, Grupo Controle) foi feita utilizando o oxímetro BCI com o sensor 3025 envolvendo a coroa de cada elemento dental, tendo o dedo óptico ajustado para a simulação de 98% de saturação periférica de oxigênio (SpO2) e 75 batimentos por minuto (BPM). Após, os dentes foram submetidos à Radioterapia de Intensidade Modulada, com aplicação de 2 Grays (Gy)/dia, 5 dias/semana, até atingirem a dosagem de 54 Gy (G54), 60 Gy (G60) e 70 Gy (G70). As leituras foram repetidas nos períodos de 48h (T1), 3 meses (T2) e 6 meses (T3) após o término das sessões de radioterapia em cada grupo. Os dados obtidos foram registrados, comparados e analisados estatisticamente com nível de significância de 5% (α = 0,05). Os resultados (Kruskal-Wallis, Friedman e post hoc de Dunn) mostraram que os espécimes do G60 em T1 foram estatisticamente diferentes de T0, e do G54 e G70 (P < 0,05). Quanto ao momento da avaliação, os dados de SpO2 lidos em T2 e T3 foram semelhantes para os três grupos avaliados, sendo também semelhantes aos dados lidos antes da RI (T0) (P > 0,05) e diferentes de T1 apenas para G60. Os resultados do presente estudo mostraram que a RI afetou a leitura da saturação de oxigênio de dentes extraídos quando a radiação total aplicada foi superior a 60 Gy. No entanto, 3 meses após o término da RI os valores lidos de SpO2 retornaram à normalidade, permanecendo assim quando a leitura foi feita 6 meses após o fim do tratamento radioterápico.

The aim of this study was to investigate in vitro the effects of ionizing radiation (IR) on the dental structures of teeth extracted and submitted to radiotherapy, regarding the SpO2 reading performed by the pulse oximeter (OP) from an optical finger (simulator). We used 54 teeth extracted from humans, healthy, without pulp calcifications and with complete root formation. Teeth were randomly assigned to 3 groups (n = 18). The initial reading (T0, Control Group) was performed using a BCI oximeter with a 3025 sensor involving the crown of each dental element, with the optical finger adjusted to simulate 98% peripheral oxygen saturation (SpO2) at 75 beats per minute (BPM). Afterwards, the teeth were submitted to Intensity Modulated Radiotherapy, with application of 2 Grays (Gy)/day, 5 days/week, until they reach the dosage of 54 Gy (G54), 60 Gy (G60) and 70 Gy (G70). The readings were repeated in the periods of 48h (T1), 3 months (T2) and 6 months (T3) after the end of the radiotherapy sessions in each group. The data obtained were recorded, compared and statistically analyzed with a significance level of 5% (α = 0.05). The results (Kruskal-Wallis, Friedman and Dunn's post hoc) showed that specimens from G60 at T1 were statistically different from T0, and from G54 and G70 (P < 0.05). As for the time of assessment, SpO2 data read at T2 and T3 were similar for the three groups evaluated, being also similar to data read before IR (T0) (P > 0.05) and different from T1 only for G60. The results of the present study showed that IR affected the oxygen saturation reading of extracted teeth when the total radiation applied was greater than 60 Gy. However, 3 months after the end of the IR, the SpO2 values read returned to normal, remaining so when the reading was taken 6 months after the end of the radiotherapy treatment.