Abstract:
|
Introdução: A sequência rápida de intubação traqueal (SRIT) é uma técnica de gerenciamento de vias aéreas de importância para a medicina de emergência, área que emprega muitos médicos recém-formados no Brasil. De modo a difundir o passo-a-passo do procedimento entre os estudantes de medicina de uma universidade do sul do Brasil e avaliar o desempenho dos estudantes, por meio da realização do procedimento simulado, o presente estudo analisou a aderência a uma ferramenta de auxílio cognitivo comparando dois grupos: o primeiro exposto a um leitor da ferramenta de auxílio cognitivo em tempo real, quando solicitado pelo estudante participante; e o segundo dependente apenas da memória do estudante.
Métodos Foi disponibilizado material audiovisual e material escrito sobre a SRIT, seguindo uma sequência de 17 passos, para 43 estudantes de medicina. Após o estudo autodirigido, os estudantes realizaram o procedimento proposto em ambiente simulado, sendo randomizados e dispostos em grupo “leitor” e em grupo “controle”. Foram avaliados, em ambos os grupos, os seguintes desfechos: a frequência de realização dos passos propostos; a frequência de ações realizadas na ordem correta proposta; a frequência de erros de comissão na realização dos passos; e a duração dos procedimentos em ambos os grupos. Foi descrita a frequência de solicitação de auxílio do leitor em casa passo, no grupo leitor. Foram avaliadas, também, as variáveis demográficas, e os desfechos secundários: as percepções de reação à atividade educacional, de autoeficácia e de auto preparo. Os desfechos foram comparados entre os grupos por estatísticas paramétricas e não-paramétricas.
Resultados A frequência de realização dos passos propostos; a frequência de ações realizadas na ordem correta proposta; a frequência de erros de comissão na realização dos passos; e a duração dos procedimentos em ambos os grupos não tiveram diferença estatisticamente significativa entre o grupo leitor e o grupo controle. Foi obtida correlação negativa entre o tempo de estudo e a frequência de erros de comissão. Não houve diferença entre os grupos quanto às percepções de reação à atividade educacional, assim como entre as percepções de autoeficácia e de auto preparo.
Conclusões No contexto deste estudo, em que os estudantes tiveram uma preparação prévia e direcionada para as sessões de simulação, a disponibilidade de um leitor da ferramenta de auxílio cognitivo não influenciou os desfechos frequência de realização das ações, a frequência da realização das ações na ordem correta, ou o tempo para realização do procedimento. Entretanto, houve uma frequência maior de erros de comissão no grupo leitor. Por outro lado, houve correlação inversa entre o tempo de preparo autorrelatado e o número total de erros de comissão – quanto maior o tempo investido na preparação, menor a probabilidade de erros de comissão. Estudantes com boa memorização prévia e conhecimento acerca dos passos do procedimento de SRIT não necessitam de leitor de ferramenta de auxílio cognitivo. Ainda, quanto mais solicitado o leitor, maior a frequência da realização de passos do procedimento. |