A evolução da próclise e o sujeito nulo em peças de teatro brasileiras oitocentistas

Abstract

Este relatório visa trazer resultados acerca da evolução da próclise em peças de teatro brasileiras oitocentistas em orações matrizes fronteadas em contexto neutro, correlacionando com o fenômeno do sujeito nulo. Estudos anteriores (BERLINCK et al, 2016; MARTINS, 2018; MARTINS, CAVALCANTE, COELHO, 2020) atestam que – na primeira metade do século XIX – o português escrito no Brasil passa de uma língua V2, oriunda da gramática do Português Clássico (PC), para – na segunda metade – uma língua do tipo SV com aumento de próclise. Tal mudança é interpretada pelos autores como oriunda da gramática do Português Brasileiro (PB), enquanto o padrão enclítico é interpretado como reflexo da gramática do Português Europeu (PE). Com base nessa perspectiva, tive como objetivos centrais investigar de que forma o aumento da próclise está atrelado ao PB, em quais contextos, e se a mudança do parâmetro do sujeito de fato reflete a mudança sintática da língua para SV. Acerca da metodologia, os dados coletados foram obtidos a partir de peças de teatro, as quais totalizam 14, da região nordeste, sudeste e sul do país que se encontram na plataforma PB-Corpus Histórico. O referencial teórico adotado foi a sociolinguística-histórica-variacionista (SILVESTRE, 2007; GIRÓ, 2015) e o modelo de competição de gramáticas (KROCH, 2022 [2001]). Obtive como resultados que as variáveis mais relevantes para compreensão do condicionamento da próclise e a competição de gramáticas foram: o tipo de clítico; a natureza de X em XPV; a natureza do sujeito e o Estado.