Caracterização molecular de novas defensinas na ostra do Pacífico Crassostrea gigas

Abstract

A ostra Crassostrea gigas tem uma importância fundamental para Florianópolis, uma vez que a cidade é líder na produção de moluscos no país. As ostras são animais marinhos filtradores que estão em contato contínuo com diversos microrganismos potencialmente patogênicos. Sendo assim, ao longo da evolução, esses animais precisaram desenvolver mecanismos eficientes de defesa, incluindo a produção de peptídeos antimicrobianos (AMPs). Os AMPs são antibióticos naturais encontrados em todos os seres vivos. Em ostras, as defensinas constituem uma família diversa de AMPs composta por cinco membros: Cg-Defm, Cg-Defh1, Cg-Defh2, Cg-Def_arth1 e Cg-Def_arth2, sendo as três primeiras típicas de moluscos (mollusk-like) e as duas últimas típicas de artrópodes (arthropod-like). O objetivo deste trabalho foi realizar a identificação e a caracterização molecular de novas defensinas na ostra C. gigas. Por meio de buscas in silico em banco de dados públicos, foram encontrados dois novos membros: Cg-Def_mollk (mollusk-like) e Cg-Def_arth3 (arthropod-like). A sequência aminoacídica deduzida do precursor de Cg-Def_mollk é composta por um peptídeo sinal e um peptídeo maduro catiônico de 4,52 kDa. Esse gene possui três éxons: o primeiro éxon codifica a região inicial do peptídeo sinal, o segundo éxon codifica a porção final do peptídeo sinal e a região N-terminal do peptídeo maduro, enquanto que o terceiro éxon codifica a região Cterminal do peptídeo maduro. A sequência aminoacídica deduzida do precursor de CgDef_arth3 é composta por um peptídeo sinal, um pró-domínio e um peptídeo maduro catiônico de 3,83 kDa. Esse gene também possui três éxons, sendo que o primeiro codifica para a região inicial do peptídeo sinal, o segundo codifica para o restante do peptídeo sinal e parte do pró-domínio e o terceiro éxon codifica para o restante do pró-domínio e para o peptídeo maduro. Apesar das diferenças em nível de estrutura primária, todas as defensinas apresentaram a estrutura tridimensional típica das defensinas do tipo CSαβ (defensinas de invertebrados). A descoberta desses novos AMPs amplia o conhecimento atual sobre os mecanismos de defesa das ostras e abre perspectivas para a descoberta de novas alternativas ao uso dos antibióticos convencionais.