Abstract:
|
O plâncton é uma forma de vida que agrupa organismos aquáticos que são transportados passivamente pelas correntes, ou seja, seu movimento não é forte o suficiente para vencê-las. Eles possuem importância na área da economia e biodiversidade, entre outras, por serem um elo trófico com animais de grande porte e recursos pesqueiros. Este trabalho abordou o bacterioplâncton, fitoplâncton, ciliados e mesozooplâncton, que foram classificados para o estudo da estrutura trófica do plâncton entre autotrófico, heterotrófico e mixotrófico e em alguns casos, de maneira mais específica, como bacterívoros, carnívoros, detritívoros, herbívoros e onívoros. A Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (REBIO Arvoredo) é uma unidade de conservação de proteção integral localizada na plataforma continental sudeste brasileira e inclui quatro ilhas, entre elas, a Ilha do Arvoredo. O objetivo do trabalho foi caracterizar a estrutura trófica planctônica na região da reserva biológica marinha e entorno, usando os registros de dados de plâncton e parâmetros ambientais. A maioria dos dados foi fornecida pelo projeto MAArE. As amostragens foram realizadas em fevereiro e agosto de 2016 com garrafas de Van Dorn e redes de plâncton. Para os parâmetros ambientais, registrados com CTD e/ou analisados quimicamente, foi realizada uma Análise de Componentes Principais (PCA) a fim de descrever as variações espaço-temporais das condições oceanográficas. Para identificação do plâncton, foi utilizado sequenciamento de DNA para o bacterioplâncton, microscópio invertido para fitoplâncton e ciliados e microscópio estereoscópio para o mesozooplâncton, e, a partir desses dados, foram gerados gráficos de abundância relativa e total. A Análise Multifatorial (MFA) foi realizada para o fitoplâncton, ciliados e mesozooplâncton, com objetivo de explorar as relações entre os grupos tróficos do plâncton e os parâmetros ambientais. A temperatura indica ser o parâmetro ambiental responsável por provocar o agrupamento do plâncton em três estruturas tróficas: verão, inverno e comum nos dois períodos do ano. Na estrutura trófica de verão, as altas temperaturas favorecem as diatomáceas, já o grupo trófico Copepoda carnívoro parece ser o principal predador de ciliados onívoros, estes últimos, junto de Larvacea, podem utilizar bactérias como recurso alimentar. No inverno, as águas são ricas em silicato e clorofila-a, Cladocera se alimenta de dinoflagelados e ciliados mixotróficos e Chaetognatha se alimenta de Copepoda onívoro, que, por sua vez, provavelmente se alimenta de ciliados bacterívoros e mixotróficos, os quais podem se alimentar de bactérias. Na situação comum nos dois períodos do ano, complementar às outras cadeias alimentares, Copepoda onívoro-herbívoro parecem ser organismos mais generalistas, sendo importante tanto no verão como no inverno. Em todas as estruturas tróficas foi constatada a possibilidade de existir alça microbiana, com participação dos filos Proteobacteria e Cyanobacteria. O trabalho concluiu que o principal fator que agrupou as estruturas tróficas foi a temperatura, que juntamente com outras características das massas d’ água, modificou a abundância e composição do plâncton. |