Relações de gênero e ensino de química: um olhar para a produção científica brasileira compreendida entre os anos de 2012 e 2022

Abstract

Vivemos um momento histórico no qual a Educação em Direitos Humanos, com claro destaque para a Educação Sexual, passa por ameaças sem precedentes com a ascensão de movimentos ultraconservadores e negacionistas em anos recentes. Resistindo a esses avanços, o Ensino de Química possui imenso potencial como promotor do debate das questões de gênero e sexualidade. Neste trabalho, investigou-se a produção científica brasileira compreendida entre os anos de 2012 e 2022 no que se refere à problematização das relações de gênero no Ensino de Química. Utilizando-se da construção de um Estado da Arte como eixo metodológico, realizou-se um levantamento no Portal de Periódicos da CAPES, na Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Química (ReSBQ), na Revista Debates em Ensino de Química (REDEQUIM) e na Revista Química Nova na Escola (QNESC), no recorte temporal de 2012 a 2022. Os trabalhos elencados foram submetidos a análises individuais e coletivas, a partir das quais, sob diferentes eixos problematizadores, esmiuçou-se a profundidade e as peculiaridades do diálogo entre as relações de gênero e sexualidade dentro do Ensino de Química. Apesar de identificar a popularização de metodologias mais amplas na última década, essa investigação evidenciou que as discussões de gênero concentram-se historicamente no ambiente acadêmico, principalmente no eixo sul-sudeste brasileiro. Verificou-se que pesquisadores e pesquisadoras do Ensino de Química, frequentemente, abordarm tanto o conceito de gênero quanto o de sexualidade partindo de uma visão biologizante e naturalista, manifestada, principalmente, pela ausência de fundamentação científica ancorada nas teorias contemporâneas concernentes a tais fenômenos. Tendo ciência de que este debate é muito amplo para ser esgotado nos limites desta monografia, sugere-se que as observações aqui mapeadas sirvam de base para a construção de outros estudos e de um Ensino de Química cada vez mais comprometido com a Educação em Direitos Humanos.

We’re living a historic moment when Human Rights Education, specially Sexual Education, is under unprecedented threats with the rise of ultraconservative and scientific denialist movements in later years. Resisting against those advances, Chemistry Teaching has a huge potential as a promoter of gender and sexuality debates. In this paper, the Brazilian scientific production between the 2012 and 2022 about gender issues in Chemistry Teaching was investigated. Using the construction of a State of Knowledge as methodological axis, the CAPES Journal Portal, the Sociedade Brasileira de Ensino de Química magazine, the Debates em Ensino de Química magazine and the Química Nova na Escola magazine were used as basis for the survey. The researches founded were individually and collectively analyzed and, therefore, by different points of view, particularities of gender issues and Chemistry Teaching dialogue were discussed. Even though wider methodologies outcame in the last decade, this investigation found out that gender discussions are concentrated in the Universities, specially in Brazilian south and southeast regions, as seen in a historical trend. It was found that researchers in Chemistry Teaching often refear to gender and sexualitty in a biological and naturalizing perspective, mainly because of a lack of a scientifically foundamenting those concepts according to contemporary gender theories. Knowing that this discussion is too broad to be exhausted in this monograph, we suggest that the conclusions here serve as base for other studies and construction, as well as a support for a Chemistry Teaching increasingly committed to Human Rights Education.