PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS DE TENTATIVA DE SUICÍDIO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENVOLVENDO ANTIDEPRESSIVOS E/OU ANSIOLÍTICOS REGISTRADOS NO CENTRO DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA DE SANTA CATARINA ENTRE OS ANOS DE 2015 E 2020

Abstract

Introdução: O número de suicídios e tentativas de suicídio vem aumentando ano após ano a ponto de se tornar uma das principais causas de mortalidade entre jovens no mundo. Entre crianças e adolescentes brasileiros de 10 a 14 anos de idade o suicídio teve um aumento de 40% entre 2002 e 2012. A intoxicação por medicamentos é um método comum de suicídio entre crianças e adolescentes. Algumas literaturas mostram que os medicamentos são um dos grupos de agentes mais utilizados nas intoxicações por tentativa de suicídio no Brasil e atribuem isso a facilidade do acesso aos medicamentos. Objetivo: Descrever o perfil clínico epidemiológico das tentativas de suicídio por ansiolíticos e/ou antidepressivos em crianças e adolescentes nos últimos seis anos registradas no Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox-SC). Método: As informações utilizadas neste trabalho foram extraídas dos registros do CIATox–SC que utiliza o Sistema Brasileiro de dados de Intoxicações, DATATOX®. Trata-se de estudo retrospectivo, descritivo e transversal. A seleção dos registros considerou filtros como: circunstância da exposição (tentativa de suicídio), faixa etária (até 18 anos), período da intoxicação (01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2020) e o agente utilizado (antidepressivos e/ou ansiolíticos). Outras variáveis também foram analisadas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa com Seres Humanos da UFSC. Resultados: Foi observado um crescimento no número de registros no período de 2015 a 2019, com uma queda em 2020 e uma variação de 227,27% no número de registros entre os anos. Foram encontrados 1949 registros, com predominância do gênero feminino, correspondendo a 80%, a idade com mais casos foi 17 anos, a macrorregião de Florianópolis foi a que teve maior número de registros, os medicamentos antidepressivos e ansiolíticos mais frequentes foram antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e benzodiazepínicos. Em relação ao perfil clínico, 59,77% dos registros apresentaram manifestações neuro/psíquicas/musculares, o tempo de internação variou entre 1 e 12 dias, 80,61% dos registros foram classificados como leves ao final do atendimento e apena 0,10% foram fatais. Conclusão: Foi constatado um aumento gradual no número de registros, com uma manutenção da tendência de crescimento, conforme a literatura vigente. Observouse que as variáveis analisadas neste estudo se mostraram constantes durante o período de 2015 a 2020.