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Quando embarcamos nessa jornada não sabíamos ao certo por onde iríamos caminhar muito menos qual era o destino final. Instinto. Vontade. Persistência. Curiosidade. Desafio. Medo. Amizade. Sempre estiveram lá. Dando um passo de cada vez, primeiro criamos o mundo de Laura e Duda em forma de palavras: o roteiro.
Essa era nossa proposta inicial, porém queríamos mais. Respirando fundo, fechamos os olhos, imaginamos como víamos cada cena, seus cortes e movimentos e, finalmente, colocamos números nos planos. Os planos viraram desenhos e os desenhos cenários para as fotos. Nas páginas que seguem estão as nossas memórias e lembranças. Nossos vestígios de uma viagem que não esqueceremos. Uma viagem que fizemos com Laura e Duda.
A primeira parada será um tour pelos temas que dão apoio e coerência às escolhas narrativas e, eventualmente, às estéticas. São três as atrações principais: o gênero road movie, a década de 1990 e a relação irresistível entre memória e registros. Com isso, o espectador-leitor terá as peças-chave para construir o mundo de Siga em Frente.
Além de um trabalho de conclusão com foco em roteiro, o projeto visa o registro de um processo ainda mais extenso, evolutivo e pessoal. Por isso, antes de apresentar o roteiro finalizado, compartilhamos a primeira versão do argumento referente a mesma história, o que permitirá traçar um paralelo identificando as mudanças realizadas e as escolhas narrativas feitas. No argumento fomos livres: exploramos e abusamos das possibilidades da estrada e de dispositivos literários. Já no roteiro, tratamento seguido de tratamento, sem ignorar um visão voltada à produção, traçamos o itinerário ideal buscando a coerência e a aventura.
Quando chegamos a uma das últimas versões do roteiro, já estávamos tão entregues à história – beirando à obsessão – que queríamos ir além, precisávamos realmente conhecer Laura e Duda. A próxima parte do projeto contempla um ensaio de composições, enquadramentos, fotografia, cenários, arte, personagens, atores e mise-en-scène através do registro em fotos, desenhos e análise de elementos.
Como qualquer viagem ou aventura, o que fica é a transformação. A reflexão e as divagações que seguem nas páginas finais desse aglomerado de experiências, tinham como objetivo quebrar a unidade e identificar a Marina e a Viviane dentro do processo. Como poderão apreciar, amizades são complicadas, simplesmente porque nela se perdem os limites de quem é quem. Joseph Campbell, inspirado por Schopenhauer, sugere que a condição ideal do ser humano é atingida quando ele reconhece a si mesmo no próximo e este nada mais é do que extensão do próprio ser. Não existe eu, você e nós, apenas um Eu absoluto.1
Aviso: ao entrar nas próximas páginas é altamente aconselhável uma poltrona confortável, uma música tocando ao fundo e uma paisagem envolvente de cenário |
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