Processo de profissionalização e escolarização de estudantes-atletas de futebol: conciliação entre rotina esportiva e escolar

Abstract

A escolarização de jovens atletas é um tema que traz discussões entre pesquisadores e pesquisadoras da área. A conciliação entre escola e esporte é tratada como um percalço na formação de estudantes atletas e, com isso, tem se dado muita atenção para o tema. Vislumbrando ascensão econômica e social, atletas e familiares tentam conciliar a escola e o futebol e, muitas vezes, optam pelo foco no esporte em detrimento da escola, buscando o sonho de mudar de vida. O objetivo da pesquisa foi analisar como jovens atletas conciliam as atividades relativas à formação profissional no futebol e a escolarização. A presente pesquisa apresenta abordagem de natureza qualitativa, de caráter descritivo, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário estruturado com questões fechadas e abertas. Como inspiração utilizamos o modelo de referência de questionário aplicado em outras pesquisas do Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo (LABEC) e do Núcleo de Estudos e Pesquisa Educação e Sociedade Contemporânea (NEPESC). Para a escolha dos participantes da pesquisa, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: a) faixa etária entre 13 e 17 anos; b) estar vinculado com o time masculino do Avaí Futebol Clube; c) estar matriculado no ensino fundamental ou médio de uma instituição de ensino, seja ela particular ou pública. Participaram da pesquisa 12 estudantes atletas das categorias de base do clube. A partir das análises dos dados, este trabalho relata alguns pontos que permeiam o processo de profissionalização esportiva e sua conciliação com a escola, tais como: difícil conciliação entre profissionalização no esporte e escola; flexibilização de faltas, tarefas, provas, por parte das escolas; aumento de cargas de treinamento nos períodos de competição; baixo interesse por atividades educativas por parte dos estudante-atletas; apesar da importância, a obrigação de matrícula pelo clube não garante um bom ensino. Como fator limitante do estudo, tivemos as etapas de contato com o clube, os pais, os atletas e as comissões técnicas via acesso remoto devido à pandemia de Covid-19, o que dificultou o contato com os participantes da pesquisa.