Os espaços verdes em condomínios para idosos: compreender para projetar de acordo com a idade

Abstract

O aumento gradativo da expectativa de vida em diferentes populações de todo o mundo resulta em um fenômeno mundial de envelhecimento populacional. Com esse próspero tempo acrescido de vida nessa faixa etária, surgem reflexões perante o envelhecimento, a qualidade de vida necessária ao ambiente e as novas formas de habitar. Os condomínios para idosos se caracterizam pela independência e pela valorização da manutenção da qualidade de vida de seus habitantes. Referem-se a conjunto de casas, apartamentos ou variantes, concebidos especificamente para serem confortáveis e seguros, nos quais os moradores podem viver de forma independente, tendo acesso aos serviços que necessitam, maximizando assim sua autonomia na realização das atividades cotidianas. Uma das características dessa tipologia que os distinguem da maioria das outras formas de moradia é a diversidade de suporte e oferta de atividades sociais e recreações coletivas. Porém, ainda são escassos os estudos que investigam a temática de espaços verdes destinados para idosos, em especial em modalidades específicas de moradia, como o condomínio. Em virtude disso, esta dissertação tem como objetivo investigar atributos ambientais infraestruturais preferíveis e também necessários ao planejamento e projeto de espaços verdes em condomínios para idosos. Pretendeu-se identificar a importância dos atributos ambientais necessários ou desejáveis para o planejamento de condomínios habitacionais destinados a pessoas idosas, sendo o estudo centrado em seu usuário ? o idoso. Para alcançar esse objetivo, a pesquisa teve abordagem qualitativa e exploratória. Além disso, é multimétodos e interdisciplinar. Os procedimentos aplicados, foram: revisão bibliográfica e documental, questionário, grupo focal, e seleção visual. Para o tratamento dos dados e discussão dos resultados, utilizaram-se análise de conteúdo e, em perguntas fechadas, frequência absoluta e relativa. Os principais resultados referem-se à preferência dos idosos pela configuração de condomínios horizontais de casas com jardins frontais em relação à rua e de fundos, com possibilidade de jardins privativos e jardins comuns, espaços para atividade física, entre outros. Os benefícios mais relevantes dos espaços verdes em condomínios para idosos são: produção de comida saudável, reconexão dos idosos com o ambiente natural e com outras pessoas idosas, incentivo a interação social, estímulo a atividades físicas diárias, aumento da biodiversidade, melhoria do clima, do ar, do solo e da qualidade das águas, entre outros. As diretrizes projetuais sintetizadas neste estudo relacionam-se às categorias: estímulo, conforto e segurança. Com um maior conhecimento sobre o público-alvo, compreensão das alterações fisiológicas e necessidades espaciais dos idosos, e um esforço consciente de profissionais da construção civil e gestores públicos, o planejamento de ambientes responsivos aos idosos pode se tornar uma realidade. Espera-se que ao projetar espaços verdes residenciais que incorporem atributos ambientais de suporte físico, sensorial, social e psicológico seja possível contribuir para um processo de envelhecimento saudável, ativo e autônomo. Teve-se como propósito nesta pesquisa, agregar conhecimento e discussão ao rol de estudos existentes sobre a área, bem como dar suporte a políticas públicas direcionadas a essa faixa etária e também engajar profissionais a voltarem seu olhar e pensarem em uma arquitetura mais comprometida com a qualidade de vida e bem-estar dos idosos.

Abstract: The gradual increase in life expectancy in different populations around the world results in a worldwide phenomenon of population aging. With this increased life expectancy in this age group, reflections arise regarding aging, the quality of life required for the environment, and new ways of living. The condominiums for the elderly are characterized by independence and by valuing the maintenance of their inhabitants' quality of life. They refer to a set of houses, apartments, or variants, specifically designed to be comfortable and safe, in which the residents can live independently, having access to the services they need, thus maximizing their autonomy in performing their daily activities. One of the characteristics of this typology that distinguish them from most other forms of housing is the diversity of support and offers of social activities and collective recreation. However, there are still few studies that investigate the theme of green spaces for the elderly, especially in specific housing modalities, such as condominiums. In view of this, this research aims to investigate infrastructural environmental attributes that are preferable and also necessary for the planning and design of green spaces in condominiums for the elderly. It was intended to identify the importance of necessary or desirable environmental attributes for the planning of residential condominiums for the elderly, with the study being centered on its user - the elderly. To achieve this goal, the research had a qualitative and exploratory approach. Furthermore, it is multi-method and interdisciplinary. The procedures applied were: literature and document review, questionnaire, focus group, and visual cues. For the treatment of the data and discussion of the results, content analysis was used and, in closed questions, absolute and relative frequency. The main results refer to the preference of the elderly for the configuration of horizontal condominiums of houses with front gardens in relation to the street and back gardens, with the possibility of private gardens and common gardens, spaces for physical activity, among others. The most relevant benefits of green spaces in condominiums for the elderly are: production of healthy food, reconnection of the elderly with the natural environment and with other elderly people, incentive for social interaction, stimulus for daily physical activities, increase of biodiversity, improvement of the climate, air, soil, and water quality, among others. The design guidelines synthesized in this study are related to the categories: stimulus, comfort, and safety. With greater knowledge about the target audience, understanding of the physiological changes and spatial needs of the elderly, and a conscious effort by building professionals and public administrators, planning responsive environments for the elderly can become a reality. It is expected that by designing residential green spaces that incorporate physical, sensory, social, and psychological supportive environmental attributes, it will be possible to contribute to a healthy, active, and autonomous aging process. The purpose of this research was to add knowledge and discussion to the existing studies in the area, as well as to support public policies directed to this age group and also to engage professionals to turn their attention and think of an architecture more committed to the quality of life and well-being of the elderly.