Diretrizes para gestão de conflitos interpessoais na Universidade Federal de Santa Catarina a partir da consensualidade

Abstract

A Universidade é um ambiente plural e complexo, e inerentes a essa complexa organização, estão as relações humanas, sujeitas a conflitos e desentendimentos. A resolução consensual de conflitos interpessoais nesse ambiente colabora para o atingimento dos objetivos da organização, restauração das relações e evitam situações de adoecimento e custos elevados com instauração de processos disciplinares. A presente pesquisa teve, então, como objetivo geral propor diretrizes para gestão de conflitos interpessoais na Universidade Federal de Santa Catarina a partir da consensualidade. Para alcance do objetivo geral, foram traçados objetivos específicos: identificar os procedimentos éticos e disciplinares existentes na UFSC relacionados a conflitos interpessoais; descrever os meios de resolução de conflitos interpessoais adotados na UFSC e o funcionamento das unidades específicas de resolução consensual de conflitos existentes nas Universidades pesquisadas; destacar os aspectos facilitadores e dificultadores nos processos de resolução de conflitos na percepção dos entrevistados; analisar as inadequações e adequações de procedimentos e diretrizes de resolução consensual de conflitos interpessoais à UFSC. A pesquisa possui natureza aplicada, com abordagem qualitativa, método de raciocínio dedutivo, descritiva, estudo multicaso, utilizando-se para a coleta de dados de pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas semiestruturadas. Para identificação das Universidades que possuem unidades específicas de resolução de conflitos, foram consultadas todas as Universidades brasileiras, via sistema Fala.Br e e-mail. Foram então selecionados como sujeitos de pesquisa e realizada entrevista com gestores da UFSC e com os responsáveis pelas seis unidades específicas identificadas. Os resultados da pesquisa indicam que é relevante o número de procedimentos na UFSC que guardam relação com conflitos interpessoais no período analisado (maio de 2016 a dezembro de 2020). Além disso, mostrou que na UFSC a resolução de conflitos se dá de modo descentralizado e que mesmo nas universidades que possuem unidade específica, não há uma centralização absoluta e que não há uniformidade de fluxo ou procedimentos nessas unidades, seja em relação ao público-alvo atendido ou (des)vinculação das instâncias correcionais/disciplinares. Foi possível constatar diversos aspectos facilitadores e dificultadores no processo de resolução de conflitos nas Instituições pesquisadas. Por fim, foram analisados procedimentos e diretrizes das IFES e da literatura, adequados e inadequados à UFSC. O referencial teórico associado à análise dos dados coletados propiciou a elaboração de diretrizes para a gestão de conflitos interpessoais na UFSC por meio da consensualidade, relacionados a aspectos como: i) concepções; ii) princípios iii) vinculação; iv) público-alvo; v) natureza do tratamento; vi) legislação e normativa interna; vii) recursos humanos; viii) admissibilidade; ix) capacitação; x) estrutura necessária; xi) ambiente para realização da consensualidade; xii) descrição e estágios do processo autocompositivo; xiii) fluxo; xiv) técnicas de persuasão; xv) relação com o regime ético-disciplinar; e xvi) gestão de dados e da informação.

Abstract: The University is plural and complex environment, and inherent to this complex organization are human relationships, conflicts and misunderstandings. A consensual resolution of interpersonal conflicts in this environment contributes to achieving the organization's goals, restoring relationships and avoiding situations of illness and high costs with the establishment of disciplinary proceedings. Therefore, this research had general objective guidelines for managing interpersonal conflicts at the Federal University of Santa Catarina based on consensuality. To reach the general objective, specific objectives were outlined: to identify the existing ethical and disciplinary procedures at UFSC related to interpersonal conflicts; describe the means of resolving interpersonal conflicts adopted at UFSC and the functioning of specific units for consensual conflict resolution existing in the researched Universities; highlight the facilitating and hindering aspects in the conflict resolution processes in the interviewees' perception; analyze how inadequacies and adequacies of procedures and guidelines for consensual resolution of interpersonal conflicts at UFSC. The research has an applied nature, with a qualitative approach, deductive reasoning method, descriptive, multicase study, using to collect data from bibliographical research, documentary and discovering semi-structured. To identify the universities with specific conflict resolution units, all Brazilian Universities were consulted via the Fala.Br e-mail system. They were selected as research subjects and interviewed with UFSC managers and those responsible for the six specific units identified. The survey results indicate that the number of procedures at UFSC related to interpersonal conflicts in the period analyzed is relevant (May 2016 to December 2020). Furthermore, it is shown that at UFSC, conflict resolution takes place in a decentralized manner and that even in universities that have a specific unit, there is no absolute centralization and that there is no uniformity of flow or in these units either concerning the target audience served. or (dis) linking correctional / disciplinary settings. It was possible to verify several facilitating and hindering aspects in the conflict resolution process in the researched institutions. Finally, procedures and guidelines of the IFES and the literature were defined, adequate and inadequate to UFSC. The theoretical framework associated with the analysis of the collected data defined guidelines for the management of interpersonal conflicts at UFSC through consensuality, related to aspects such as i) conceptions; ii) principles iii) binding; iv) target audience; v) nature of the treatment; vi) internal legislation and regulations; vii) human resources; viii) admissibility; ix) training; x) necessary structure; xi) environment for achieving consensus; xii) description and stages of the auto composition process; xiii) flow; xiv) persuasion techniques; xv) relationship with the ethical-disciplinary regime; and xvi) data and information management.