A conclusão do processo de substituição de importações: as relações entre sua estratégia e a crise da década de 1980

Abstract

Esta pesquisa objetiva analisar o processo de industrialização via substituição de importações, demonstrando as razões, os resultados e a decadência. Enfatiza as principais políticas públicas, as consequências econômicas e os fatores que contribuíram para a derrocada do modelo. Este trabalho pauta-se por uma pesquisa exploratória sobre as possíveis relações entre a trajetória da industrialização brasileira e a crise da dívida externa ocorrida na década de 1980. O estudo apresenta natureza secundária e ancora-se na pesquisa bibliográfica na literatura das ciências sociais aplicadas e da historiografia. A investigação retoma os processos de industrialização, analisando o contexto interno e externo, as transformações estruturais na acumulação e as principais políticas públicas. Em seguida, analisa as transformações econômicas e institucionais da década de 1970 e suas implicações na etapa final da industrialização. Apresenta os nexos da reversão econômica dos anos setenta com a opção pelo financiamento externo. Mostra a tendência de crescimento da dívida financeira externa e do custo de seu serviço. Analisa o termo da ordem econômica do pós-guerra desdobrado pelo descenso do paradigma fordista-keynesiano, ao observar que a vulnerabilidade econômica brasileira nos anos oitenta foi marcada pela multiplicação da dívida externa e os custos de seu pagamento. Essa recessão externa e a emergência da nova ordem econômica fragilizaram a economia brasileira e inseriram-na em nova posição subalterna, agora sob a ótica de uma dominação financeira. O trabalho conclui que o fim do processo de substituição de importações e a política de industrialização adotados pelo Brasil não implicaram na superação do subdesenvolvimento, porque se limitou ao paradigma produtivo decadente, mantendo na agenda dos problemas nacionais a concentração de renda e de riqueza e a defasagem tecnológica.