Estudo do comportamento lagrangeano de correntes de retorno em uma praia oceânica aberta

Abstract

Correntes de retorno são fluxos de movimentos rápidos, viajando para fora quase em ângulos retos paralelos à costa (Shepard, 1936). Elas naturalmente geram um perigo aos banhistas que acabam sendo arrastados para uma região mais profunda. As correntes de retorno também atuam no transporte de sedimentos e com isso provocando alterações batimétricas na zona de surfe. O estudo para fins de mapeamento tem se mostrado eficientes na caracterização dessas regiões, de forma a analisar os processos e as mudanças ocorrentes naquele espaço. Deste, o presente trabalho tem como objetivo a identificação dos padrões circulantes observados nas correntes de retorno localizadas na praia do Campeche, durante o mês de maio de 2019, identificar as zonas onde se têm este tipo de padrão de circulação e relacioná-lo à hidrodinâmica e topografia local além de favorecer conhecimento para a população e assim auxiliar casos de afogamentos por essas correntes. Para a coleta de dados foram utilizados flutuadores com GPS acoplados programados para coletar dados de coordenadas a cada segundo. Os derivadores foram lançados na região alimentadora das correntes de retorno de hora em hora. Imagens da praia obtidas por drone foram capturadas concomitante coleta de dados topográficos obtidos com o RTK a fim de registrar as variações topográficas locais bem como ao seu comportamento frente às variações das ondas e das marés, as quais foram registradas por um fundeio de ADCP bem em frente ao local dos lançamentos de derivadores. Foram realizados ao todo seis dias de experimento, totalizando em mais de 400 lançamentos de flutuadores. Após os tratamentos dos dados obtidos pelos GPS foram identificados cinco padrões de circulação, sendo eles: circulação em célula, meandrante, retorno à praia e fuga. Esses padrões ocorreram principalmente na região correspondente a faixa entre as duas linhas de rebentação identicadas na praia. O movimento de circulação em célula não era o mais esperado, contudo apareceu com determinada frequência durante os dias de experimento. Até o momento foram identificadas ao menos 33 circulações em células, onde em apenas um único dia foram registrados 11. A partir dos dados coletados espera-se identificar os locais onde há essa circulação em célula e registrar sua velocidade e direção em termos da altura e direção das ondas incidentes quanto em função da morfologia da praia e da maré.