URBANISMO EM DELOS NO PERÍODO HELENÍSTICO, ENTRE HISTÓRIA E ARQUEOLOGIA: balanço dos debates e perspectivas recentes

Abstract

O projeto de iniciação científica intitulado "URBANISMO EM DELOS NO PERÍODO HELENÍSTICO, ENTRE HISTÓRIA E ARQUEOLOGIA: BALANÇO DOS DEBATES E PERSPECTIVAS RECENTES." foi desenvolvido por mim, Karina Nathalie Beck da Rosa, juntamente com o professor/orientador Fábio Morales. Nossa metodologia esteve diretamente ligada a leitura de textos em português, inglês e francês, sendo que esta última língua me propus a aprender em razão do desenvolvimento da pesquisa. Lemos, ao todo, onze autores e acompanhamos essas leituras com a análise atenta das plantas apresentadas por esses. Partimos de noções mais gerais de urbanismo na antiguidade e arqueologia com Charles Gates, posteriormente lemos a referência da arqueologia deliana, Philippe Bruneau. Vimos com detalhe três artigos de Mantha Zarmakoupi para entendermos o fenômeno comercial deliano a partir de uma micro-escala representada pelas mudanças nas plantas das casas da época. Nesse ponto já se colocava claro um "paradigma" de Delos como cidade comercial e para entendermos esse conceito de paradigma fizemos a leitura de Uiran da Silva. Procuramos, então, formas de enxergar Delos que fugissem desse lugar-comum e encontramos em Monika Trümper quatro diferentes objetos de estudo em quatro diferentes textos: as casas, os jardins, os bordéis e tavernas e, por fim, os espaços de encontro de não delianos. Encontramos nos textos de Jean-Yves Marc e Philippe Fraisse maneiras interessantes de enxergar as ágoras na cidade como parte de um organismo vivo e adaptável. A partir disso entendemos que Delos possuía muito mais dimensões além da comercial e que essas dimensões não só coexistiam como também estavam ligadas umas as outras. Podemos ver com mais detalhe a dimensão religiosa: a partir do Hino à Apolo Délio, do relatório de escavação do santuário de Hera de Gilberto da Silva e da participação no grupo de estudos do Heraion (o qual conta com a presença de arqueólogos responsáveis pela escavação desse) conseguimos ter mais ciência da grandiosidade e da importância desse campo deliano. Diante desse entendimento acerca das diferentes dimensões de composição da cidade levamos a discussão para um lado mais abstrato e com a leitura de Ulpiano Meneses expandimos o conceito de cidade. Como coloca o autor cidade é tanto artefato, como campo de forças, como imagem. Para a nossa pesquisa priorizamos os dois primeiros aspectos já que o nosso objeto é a cidade como artefato e este aspecto é tanto vetor como resultado de um campo de forças sociais. Essas discussões resultaram não só nesse entendimento mais total da cidade de Delos, como também me proporcionaram a chance de apresentar algumas dessas ideias no Laboratório de História Antiga Global da UFSC (MITHRA) e de participar dos encontros do Heraion com pesquisadores especializados. Além disso, nossas discussões inspiraram o professor Fábio Morales a escrever o último texto que analisamos e que propõem pesquisas que levem mais aspectos em conta na hora de se pensar cidades como Delos, por exemplo. Para o futuro, mantemos expectativas de uma coautoria de um artigo mais específico sobre as visões de diferentes pesquisadores sobre Delos.