Reconhecimento, desreconhecimento e demarcação simbólica: Um estudo sobre práticas de negação de princípios da modernidade democrática
Author:
Hoff, Dora Girardello
Abstract:
A presente pesquisa teve como objetivo discutir os usos da ideia de reconhecimento recíproco na obra do crítico literário austro-brasileiro Roberto Schwarz, buscando estabelecer um diálogo com a teoria do reconhecimento do filosofo crítico alemão Axel Honneth. Foi realizada uma leitura de alguns dos livros de Schwarz: Ao vencedor as batatas (1977), Um mestre na periferia do capitalismo (1990), Que horas são? (1987) e Cultura e política (2001). Durante o processo da leitura, buscamos mapear a utilização do conceito de reconhecimento, prestando atenção no contexto em que era utilizado. Simultaneamente, foram estudados alguns escritos de Honneth, sobretudo os livros Luta por reconhecimento (1992), O direito da liberdade (2014). No caso de Roberto Schwarz, o reconhecimento recíproco aparece no contexto das contraditórias relações entre o liberalismo e a sociedade brasileira escravista do século XIX. O conceito está relacionado com as relações de favor que se davam entre classes dominantes e população livre e pobre, em um contexto no qual o reconhecimento da parte pobre dependeria dos caprichos das elites. Nesse sentido, o reconhecimento pode ser entendido enquanto a força que legitima o mecanismo do favor, que por sua vez opera enquanto mediador entre arbítrio e liberalismo. Assim, como resultado desse mapeamento inicial, foi elaborado um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para discutir as relações entre volubilidade e reconhecimento recíproco na obra de Roberto Schwarz, olhando para o caso particular da análise do crítico referente à personagem Eugênia das Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.