Abstract:
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A busca por espécies que apresentem características desejáveis que possam ser uma alternativa para o abastecimento da indústria madeireira é uma forma de reduzir a dependência do setor por espécies de uso consolidado. A Cunninghamia lanceolata apresenta características desejáveis como boa forma de fuste e rápido crescimento, sendo uma alternativa potencial para implantação de novos povoamentos florestais. O estudo das características físico-mecânicas da espécie permite a avaliação da qualidade da madeira produzida com destino a composição de produtos sólidos. O presente estudo tem como objetivo avaliar as propriedades físicas e mecânicas da madeira de Cunninghamia lanceolata, em crescimento no município de Campo Belo do Sul, SC, a fim de delinear o seu potencial aos 24 anos como fonte de matéria-prima para a produção de madeira serrada de pequenas dimensões e finalidade estrutural. Para isso foi realizado o abate de três árvores das quais foram coletados discos para amostragem ao longo do tronco (considerando a altura comercial como 100%), nas posições 0% (base), 25%, 50%, 75% e 100%, e um disco adicional a 1,30 m do solo para determinação da densidade básica e aparente (12%, 0% e da madeira verde), bem como da retratibilidade da madeira, e uma tora para determinação das propriedades mecânicas. A madeira de C. lanceolata apresentou densidade básica ponderada igual a 0,35 g cm-3, sendo classificada como leve. Os valores de densidade básica da madeira analisados ao longo do comprimento comercial do fuste não diferiram estatisticamente, tendo apresentado uma tendência de redução até 75% da altura comercial, seguido de um aumento. As contrações totais médias nas direções radial, tangencial e volumétrica foram de 3,40%, 7,15% e 10,56% respectivamente. A madeira avaliada foi considerada estável dimensionalmente levando em consideração resultados de estudos com espécies de uso tradicional do gênero Pinus. O coeficiente de anisotropia total obtido foi igual a 2,1 indicando que a secagem deve ser conduzida de forma lenta para evitar a incidência de defeitos. Em relação as propriedades mecânicas, obteve-se valores de resistência (MOR) e rigidez (MOE) ao ensaio de flexão estática iguais a 44,8 MPa e 8.832,5 MPA respectivamente, para a resistência ao cisalhamento paralelo a grã obteve-se valor de 7,8 MPa e, para resistência a compressão paralela as fibras valor de 38,8 MPa. Contudo, para produção de elementos estruturais, em usos que sejam exploradas as propriedades de resistência a flexão estática e cisalhamento do material, deve-se utilizar a madeira desta espécie com cautela, em consequência da diferença observada em outros estudos com espécies comumente utilizadas. A madeira de C. lanceolata é mais indicada para usos estruturais que solicitam maior rigidez a flexão estática e resistência a compressão paralela às fibras, visto que para estes parâmetros a espécie apresentou valores satisfatórios em relação aos estudos utilizados para comparação com espécies do gênero Pinus. |