Reflexões sobre o Plano de Parto na realidade brasileira: Uma revisão integrativa

Abstract

Introdução: os avanços e inovações técnico-científicos na área da saúde fizeram com que o parto se tornasse, majoritariamente, hospitalar utilizando-se de procedimentos cirúrgicos e novas tecnologias. Este modelo de atenção ao parto e nascimento, marcado pelo excesso de intervenções, é descrito na literatura como hospitalocêntrico e biomédico. Órgãos governamentais e não governamentais vem instituindo ações e programas para mudar essa realidade e modificar esse modelo de atenção, tornando-o humanizado. O Plano de Parto se apresenta como um instrumento que veio auxiliar na mudança desse paradigma, para o avanço na implementação da humanização da atenção ao parto e nascimento, e como estratégia para incentivar a autonomia da mulher no período gravídico-puerperal. Objetivo: identificar a produção científica sobre o Plano de Parto na realidade brasileira publicada entre 2010 e 2020. Método: trata-se de uma revisão integrativa elaborada a partir de um protocolo previamente estabelecido. A busca foi realizada no período de 16 a 28 de outubro de 2020 nas fontes de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, Embase, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, Scopus, Web of Science, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Base de Dados de Enfermagem, Scientific Electronic Library Online, Banco de teses e dissertações da CAPES e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertação. Foram encontrados 771 documentos, dos quais 14 foram selecionados após os critérios de inclusão e exclusão. Dando seguimento a revisão, foi realizada a leitura dos estudos selecionados de maneira sistematizada e organizada para a condução da extração dos dados, análise e síntese dos resultados. Resultados: a pesquisa resultou na elaboração do manuscrito “Plano de Parto na realidade brasileira: uma revisão integrativa”. Os resultados encontrados foram organizados em seis categorias, foram elas: Plano de Parto como fonte de informação e conhecimento auxiliando no protagonismo e empoderamento da gestante; Relato das gestantes/puérperas falando sobre a importância do Plano de Parto; Desconsideração do Plano de Parto pelos profissionais e desconhecimento do mesmo; Plano de Parto como facilitador da comunicação da mulher com a equipe de saúde; Plano de Parto como estratégia para evitar intervenções desnecessárias e a violência obstétrica; Divergências entre o Plano de Parto e a assistência hospitalar. Considerações finais: apesar do desconhecimento por parte de alguns profissionais e pelas gestantes, o Plano de Parto vem sendo disseminado e tem apresentado resultados significativos na vida das mulheres que fizeram uso dele, a sua utilização proporciona o regresso de um parto mais natural, o conhecimento das mulheres sobre as práticas obstétricas e a possibilidade de diminuir a quantidade de intervenções, utilizando-as somente quando necessário e reavivando o protagonismo dela ao parir. Com a instituição das ações, programas e políticas relacionadas ao parto e nascimento aos poucos são observados avanços voltados para a humanização da assistência.