Abstract:
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O objetivo geral deste estudo foi verificar o efeito do treinamento combinado com diferentes
tipos de periodização na percepção da imagem corporal de adultos com obesidade. Além disso,
buscou-se investigar os fatores sociodemográficos e de estilo de vida e saúde associados à
percepção da silhueta atual e à insatisfação corporal. Para tanto, realizou-se um ensaio clinico
randomizado e controlado com adultos com obesidade (Índice de Massa Corporal (IMC
≥30kg/m²). A amostra foi alocada aleatoriamente em três grupos: grupo controle (GC), grupo
de treinamento não periodizado (GN) e grupo de treinamento com periodização linear (GP). A
intervenção teve duração de 16 semanas, contemplando três sessões semanais de exercícios
aeróbios e de força em uma mesma sessão. Ao longo de toda a intervenção, o GN permaneceu
em intensidade moderada (50 a 59% Frequência Cardíaca de Reserva (FCres) e 12 a 10
Repetições Máximas (RMs)). O GP sofreu aumentos graduais na intensidade, sendo o primeiro
mesociclo em intensidade leve (40 a 49% FCres e 14 a 12 RMs), o segundo em intensidade
moderada (50 a 59% FCres e 12 a10 RMs) e o terceiro em intensidade vigorosa (60 a 69%
FCres e 10 a 8 RMs). O GC foi orientado a manter sua rotina habitual. Para verificar a
percepção da imagem corporal utilizou-se a escala de silhuetas de Stunkard e colaboradores, a
qual é composta por nove figuras de silhuetas em tamanho crescente. Os participantes
responderam qual número de silhueta os representava atualmente (percepção da silhueta atual)
e qual eles gostariam de possuir (percepção de silhueta ideal). A insatisfação foi calculada a
partir das duas respostas anteriores (silhueta ideal – silhueta atual). Fatores associados à
percepção da silhueta atual e à insatisfação corporal foram obtidos por meio de questionário
(sexo, idade, cor da pele e escolaridade), medidas de antropométricas e de composição corporal
(IMC e percentual de gordura), acelerometria (minutos de atividade física e comportamento
sedentário) e hábitos alimentares (consumo energético diário). As análises de dados incluíram
a estatística descritiva e inferencial. Empregou-se a regressão linear na identificação dos fatores
associados à percepção da silhueta atual e a insatisfação com a imagem corporal. As Equações
de Estimativas Generalizadas (GEE) foram empregadas na análise do efeito da intervenção na
percepção da imagem corporal. A percepção da silhueta atual apresentou associação com o
sexo, cor da pele e IMC (p=0,001; R²=0,34; VIF: 1,05). A insatisfação corporal associou-se
com a idade e cor da pele (p=0,001; R²=0,14; VIF: 1,01). Após o período de intervenção, houve
aumento na percepção da silhueta atual apenas do GC (pré: 6,70±0,2; pós: 7,86±0,2; p valor
g*t=0,044). A percepção de silhueta ideal mudou ao longo do tempo (p valor=0,001), com
destaque no GN (pré: 4,14±0,2; pós: 2,88±0,4) e no GP (pré: 4,13±0,2; pós: 3,67±0,2). A
insatisfação corporal aumentou em todos os grupos ao longo do tempo (p valor=0,001) (GC:
pré: -2,39±0,1; pós: -3,86±0,3; GN: pré: -2,41±0,2; pós: -3,63±0,3; GP: pré: -2,57±0,2; pós: -
3,25±0,4). Conclui-se que indivíduos do sexo masculino, de pele branca e de maiores IMC se
percebem maiores e indivíduos mais jovens e de pele não branca apresentam maior insatisfação
corporal. Além disso, independentemente do tipo de periodização, o treinamento combinado de
16 semanas é capaz de frear o aumento da percepção da silhueta atual e fazer com que o
indivíduo idealize silhuetas menores. |