Epilepsia e dieta cetogênica durante o primeiro ano da pandemia sob a perspectiva dos profissionais de saúde do Brasil, 2020

Abstract

Introdução: A pandemia causada pela COVID-19 impôs uma gama de medidas restritivas que modificaram o atendimento das pessoas com epilepsia (PCE) farmacorresistente em dieta cetogênica (DC) no Brasil. Método: Um questionário auto-aplicável com 23 perguntas que avaliavam dados sociodemográficos, profissionais e psicológicos foi enviado aos profissionais de saúde que trabalham com DC no Brasil. Resultados: Cinquenta e um profissionais da saúde de 23 diferentes cidades brasileiras participaram do estudo. Os participantes eram predominantemente mulheres (94,1%) com média de idade de 40,8 ± 8,46 anos. Dez por cento teve o trabalho totalmente descontinuado no período, apenas um participante manteve consultas presenciais. As videoconferências passaram a ser utilizadas por 41% dos participantes. Apesar disso, apenas 5,45% (±11,761) dos pacientes acompanhados pelos participantes desistiram da dieta. Um participante observou redução da cetose de seus pacientes após a pandemia. Mais da metade observou que seus pacientes ficaram mais ansiosos, 45,1% relatou mudança no padrão do sono. Conclusões: No Brasil, durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19, os profissionais de saúde que prescrevem a DC para PCE farmacorresistente observaram a redução das consultas presenciais, falta de adesão à DC, alterações do sono e aumento da ansiedade entre seus pacientes. Apenas um paciente saiu da cetose e a telemedicina foi a solução encontrada para a manutenção do tratamento.

Introduction: The COVID-19 pandemic imposed several restrictive measures that changed care for people with epilepsy (PWE) in use of ketogenic diet (KD) in Brazil. Methods: A self-administered questionnaire containing 23 questions evaluating sociodemographic, professional and psychological data was sent to healthcare professionals who work with KD in Brazil. Results: Fifty-one healthcare professionals from 23 different brazilian cities participated in the study. Participants were predominantly women (94.1%) with a mean age of 40.8 ± 8.46 years. Ten per cent had their work completely discontinued during the pandemic, one participant maintained face-to-face consultations. Forty-one per cent (41%) of participants began using video conferences in the period. Despite this, only 5.45% (±11,761) of the participants’ patients discontinued the diet. One participant observed reduction in patients’ ketosis. More than half of participants observed that their patients were more anxious and 45.1% reported changes in patients’ sleeping pattern. Conclusion: In Brazil, within the first year of the COVID-19 pandemic, healthcare professionals who prescribe KD for patients with pharmacoresistant epilepsy observed reduction in face-to-face consultations, lack of KD adhesion, changes in patients’ sleeping patterns and heightened levels of patients’ anxiety. Only one patient couldn’t keep ketosis and telemedicine was the established solution to maintain the treatment.