Relações ectomicorrízicas em Russulaceae Lotsy: estudo de caso em áreas de Mata Atlântica da Ilha de Santa Catarina

Abstract

Os fungos são de grande importância para os ecossistemas e participam de interações e associações com outros seres vivos, como é o caso das ectomicorrizas, associações simbióticas onde os fungos atuam como expansão radicular das plantas e realizam troca de nutrientes e água. Nas últimas décadas os fungos ectomicorrízicos e seus simbiontes passaram a ser mais estudados em regiões tropicais. Na Ilha de Santa Catarina há registros de espécimes ectomicorrízicas da família Russulaceae coletados em regiões de Mata Atlântica. O objetivo deste trabalho foi de registrar associações entre fungos da família Russulaceae e plantas nativas da Mata Atlântica na Ilha de Santa Catarina, diferenciar e caracterizar os morfotipos de ectomicorrizas e identificar os simbiontes. O estudo foi realizado no litoral sul do Brasil, em remanescentes de Mata Atlântica situados em Florianópolis, Santa Catarina. Os basidiomas e solo com raízes abaixo deles foram coletados. Em laboratório foram realizadas análises micromorfológicas e macromorfológicas dos basidiomas e das ectomicorrizas encontradas. Para a identificação molecular dos parceiros simbiontes (fungo e planta) foram utilizadas as regiões ITS (internal transcribed spacer do rDNA) específicas para fungos e para plantas. Foram sequenciados os basidiomas, as ectomicorrizas e as raízes. Foram coletados 27 basidiomas pertencentes à família Russulaceae. Foram observadas 106 raízes micorrizadas e 44 morfotipos foram diferenciados. Dentre as sequências obtidas das ectomicorrizas, 4 são de Russulaceae. A partir das raízes foram obtidas 2 sequências que correspondem a Guapira opposita (Nyctaginaceae) e uma espécie de Dalechampia (Euphorbiaceae). A presença de associação ectomicorrízica entre Russulaceae e plantas nativas da Mata Atlântica é pouco conhecida e possivelmente há mais parceiros vegetais envolvidos. É importante continuar a conhecer a diversidade sobre e sob o solo em regiões onde quase nada se sabe sobre essa simbiose.

Abstract: Fungi are of great importance for many ecosystems and interact and associate with other living beings. This is the case for ectomycorrhizae that are symbiotic associations where fungi act as root expansions of the plants and exchange nutrients and water. In the last decades ectomycorrhizal fungi and their symbionts have been more studied in tropical regions. On Santa Catarina Island there are records of ectomycorrhizal specimens from the Russulaceae family collected in the coastal regions of the Atlantic Forest. The aim of this work was to register associations between fungi of the Russulaceae family and native plants of the Atlantic Forest on Santa Catarina Island, to differentiate and characterize the ectomycorrhizal morphotypes and identify the symbionts. The study was made on the southern coast of Brazil, in remnants of the Atlantic Forest located in Florianópolis, Santa Catarina. Basidiomes and soil with roots below them were collected. Micromorphological and macromorphological analyzes of the basidiomes and the ectomycorrhizae were performed. For the molecular identification of symbiotic partners (fungus and plant), specific ITS (internal transcribed spacer do rDNA) regions for fungi and plants were used. Basidiomes and roots (with and without mantle) were sequenced. Twenty-seven basidiomes belonging to the Russulaceae were collected and 106 mycorrhizal roots were observed and separated into 44 morphotypes. Among the sequences obtained from the ectomycorrhizae only 4 were from Russulaceae. Two sequences obtained from the roots corresponded to Guapira opposita (Nyctaginaceae) and a species of Dalechampia (Euphorbiaceae). The presence of an ectomycorrhizal association between Russulaceae and native plants of the Atlantic Forest is mostly unknown and possibly more plant partners are involved. It is of great importance to continue to study the diversity above and below ground, mainly in regions where almost nothing is known about this symbiosis.