Svegliamaquia: instantes de despertar em Clarice Lispector

Abstract

Esta tese pretende dispor a desmontagem, a montagem e a remontagem de um relógio chamado Sveglia, seus sentidos e significados de despertar (em um sentido benjaminiano). Elas são oriundas do texto de Clarice Lispector \"O relatório da coisa\", de Onde estivestes de noite (1974). Esta narrativa teve outras duas versões: \"Objecto-relatório-mistério\", publicada na revista Senhor (1971) e \"Um anticonto\", estampada no Jornal do Brasil (1972). A partir da montagem e da escuta sensível filosófica como métodos de leitura, identificou-se no trânsito entre as narrativas desdobramentos poéticos-literários da experiência temporal e sensível de acordar. Eles, por sua vez, proliferam em contos, romances e relatos de Clarice Lispector. Assim produziu-se um percurso pelos instantes despertadores clariceanos, o que resultou em três questões principais: 1) a da morte da literatura e seus movimentos para se reconstituir; 2) a da estética do acordar os cinco sentidos do corpo e 3) a das passagens temporais e a necessidade da abertura para sentir as confluências do tempo.

Abstract: This thesis aims to provide the disassembly, assembly and reassembly of a watch called Sveglia, its senses and meanings of awakening (in a Benjaminian sense). They come from Clarice Lispector's text \"A report on a thing\", from Onde estivestes de noite (1974). This narrative had two other versions: \"Objecto-relatório-mistério\", published in the magazine Senhor (1971) and \"Um anticonto\", printed in the Jornal do Brasil (1972). From the assembly and the sensitive philosophical listening as reading methods, it was identified in the transit between the narratives poetic-literary developments of the temporal and sensitive experience of waking up. They, in turn, proliferate in short stories, novels and reports by Clarice Lispector. Thus, a journey through the Claricean awakening moments took place, which resulted in three main questions: 1) the death of literature and its movements to reconstitute itself; 2) the aesthetic of waking up the five senses of the body and 3) the temporal passages and the need for openness to feel the confluences of time.