Efeitos das guias de desoclusão em dispositivos oclusais totais no tratamento da disfunção temporomandibular e bruxismo do sono: uma revisão sistemática

Abstract

Objetivo: Avaliar os efeitos dos diferentes tipos de guias de desoclusão utilizadas em dispositivos oclusais totais para o tratamento de disfunção temporomandibular (DTM) e controle de bruxismo do sono (BS). Metodologia: A busca foi realizada em sete bases de dados principais e três bases de literatura cinzenta, além das referências dos artigos incluídos e contato com especialistas. Dois revisores realizaram, de maneira cegada, a leitura dos artigos em duas fases. A análise do risco de viés foi realizada por meio do Joanna Briggs Institute Critical Appraisal e a qualidade da evidência acessada através do Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation. Resultados: 15 artigos foram incluídos na síntese qualitativa. A guia canino (GC) foi a mais estudada (n=12), seguida da oclusão balanceada bilateral (OBB) (n=3), guia molar (n=1), função em grupo (n=1) e guia anterior (n=1). O uso de GC, quando comparado a placa placebo ou ausência de tratamento, apresentou melhorias dos desfechos dor, atividade muscular e conforto. Além disso, diminuição do índice de DTM, aumento da amplitude de abertura bucal e melhora na qualidade do sono também foram observados em pacientes que utilizaram dispositivos com GC, quando comparados aos que não receberam tratamento. No entanto, na comparação realizada entre as placas com diferentes guias (GC, OBB e guia molar) não houve diferença estatística nos desfechos de índice de DTM, nível de dor e atividade muscular. Devido a grande heterogeneidade clínica e metodológica encontrada nos estudos primários não foi possível realizar metanálise. Três estudos apresentaram alto risco de viés, seis moderado e seis baixo risco. Conclusão: Com base nas limitações encontradas nessa RS sugere-se que as guias avaliadas parecem não desempenhar uma função fundamental na melhora dos desfechos avaliados. Além disso, GC e BBO parecem causar efeitos similares em pacientes com BS e DTM. Recomenda-se a realização de mais estudos que avaliem todos os tipos de guias aqui reportados, a fim de aumentar o nível da evidência.

Abstract: Aim: Evaluate what are the effects of different disocclusion guide on occlusal splints (OS) on Temporomandibular Disorder treatment and Sleep Bruxism control. Methods: A search was conduct on seven electronic main databases and three databases of gray literature. The list of references of included articles was also checked and experts were been contacted. Risk of bias of included articles was assessed through Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist. The level of evidence was determined by Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation. Results: Fifteen studies were included on qualitative sintesys. Canine guide (CG) was the most studied (n=12), followed by bilateral balanced occlusion (BBO) (n=3). Molar guide (n=1), group function (n=1) and anterior guide (n=1), were reported. CG showed better results when compared with placebo splint or absence of treatmen on pain levels, muscle activity and comfort. Improvements on TMD index, mouth opening and sleep quality were also observed in patients wearing devices with CG, when compared with those did not receive treatment. However, when comparing splints with different guides (CG, OBB and molar guide) there was no statistical difference on TMD index, pain level and muscle activity. Due to, high clinical and methodological heterogeneity found between eligible studies, it was not possible to perform a metanalysis. Three studies had a high risk of bias, six moderate and six low risk. Conclusion: It is suggested that evaluated guides do not appear to perform a fundamental role on improving assessed outcomes. In addition, CG and BBO appear to cause similar effects in patients with SB and TMD. Accomplishment of further studies is recommended to assess all types of guidance reported, in order to increase the level of evidence.