Fatores de risco para disfunções temporomandibulares: uma revisão sistemática de escopo

Abstract

Objetivo: Analisar sistematicamente, por meio de uma revisão de escopo, a literatura disponível sobre os fatores de risco para disfunções temporomandibulares (DTM) e identificar as lacunas existentes sobre esse tema. Métodos: A busca foi efetuada nas cinco principais bases de dados da área da saúde: PubMed, EMBASE, LILACS, Scopus e Web of Science, além da literatura cinzenta presente nas bases Google Scholar, Open Grey e ProQuest. Dois revisores analisaram cegamente os artigos encontrados considerando os critérios de elegibilidade pré-estabelecidos. Foram incluídos os estudos de coorte que analisaram os fatores de risco em populações com idade acima de 18 anos e que utilizaram como ferramenta diagnóstica para DTM o Research Diagnostic Criteria (RDC/TMD), Diagnostic Criteria (DC/TMD) ou as diretrizes da American Academy of Orofacial Pain (AAOP). Os estudos deveriam apresentar uma média de acompanhamento mínimo de um ano e os participantes não poderiam ter sofrido nenhum tipo de intervenção pelos pesquisadores. Não houve restrição quanto a data de publicação e foram incluídos estudos escritos apenas no alfabeto Latino-Romano. Resultados: Dezenove estudos foram incluídos. Somente um estudo analisou a DTM com base nos critérios definidos pela AAOP e o restante utilizou o RDC/TMD. Onze estudos utilizaram a mesma amostra e somente 3 estudos dividiram o diagnóstico de DTM entre muscular e articular. Gênero feminino, idade média de 30 anos e raça afro-americana apresentaram risco maior quando comparadas com gênero masculino, idades mais novas e brancos, respectivamente. Sintomas somáticos de depressão e ansiedade, número de comorbidades, cefaleias, dores nas costas, Síndrome do Intestino Irritável, dores genitais, Apneia Obstrutiva do Sono, qualidade e distúrbios de sono, sintomas orofaciais não-específicos, dor em função ou palpação das estruturas do sistema estomatognático foram variáveis avaliadas por análises multivariadas e significativamente associada com DTM. Conclusão: A variáveis significativas foram heterogêneas. No geral, gênero feminino e idade foram as características mais estudadas. Dores nas costas, trauma, cefaleias, variáveis relacionadas com sono, sintomas de depressão, presença de comorbidades, e sintomas faciais foram os grupos de mais significativamente relacionados com início de DTM. Entretanto, mais estudos de coorte utilizando analises multivariadas são necessárias para confirmar essas associações.<br>

Abstract: Aim: The aims of this scoping review (ScR) were systematically evaluating the available evidence about risk factors involved to temporomandibular disorders (TMD) and identify the possible knowledge gaps present in the scientific literature concerning this topic. Methods: The search was executed in five main databases for the topic, additionally to three databases of grey literature. Two reviewers assessed the studies blindly through a predetermined eligibility criterion. Studies comprising the study topic in samples over 18 years old and using Research Diagnostic Criteria (RDC/TMD), Diagnostic Criteria (DC/TMD) or American Academy of Orofacial Pain (AAOP) to diagnoses TMD were included. No publishing data limits were applied, but only articles written in Latin Roman alphabet were accepted. In addition, a minimum average follow-up of one year were required and the participants must have not suffered any intervention by the researchers. Results: Nineteen studies were included. Only one study assessed TMD by AAOP guidelines. Female gender demonstrated higher likelihood than males, as well as the age group around 30 years old and African race. Somatic symptoms, somatization, depression, anxiety, comorbidities, headache, back pain, irritable bowel syndrome, genital pain, obstructive sleep apnea, sleep quality, non-specific orofacial symptoms, jaw mobility pain and pain on palpation of stomatognathic structures were variables assessed by multivariate analyses and positively associated with TMD. Parafunctional habits and occlusal-related variables were also significantly related to TMD but were assessed by univariate analyzes. Conclusion: The significant variables were greatly heterogeneous. In general, female gender and age were the characteristics most assessed. Back pain, trauma, headache, sleep-related variables, depression, comorbidities, somatization and facial symptoms were the most significantly related to TMD. However, more cohort studies including variables already appraised are necessary to confirm the results in other samples and fully understand the factors involved in TMD onset