Abstract:
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O presente trabalho buscou entender a dinâmica de funcionamento que envolve a atividade dos condutores ambientais atuantes nas embarcações turísticas operantes na Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA). Esta que é uma unidade de conservação marinho-costeira criada no ano de 1992, compreendendo uma área de 4.750 hectares situada entre a baía norte da Ilha de Florianópolis e o município de Governador Celso Ramos, em Santa Catarina. O turismo realizado a bordo das escunas no local transcende a data de criação da APAA e, todos os anos, atrai visitantes de diversas nacionalidades procurando pela contemplação do patrimônio natural, cultural e histórico da região. Tal modalidade de turismo oferece também a possibilidade de observação de cetáceos durante o percurso. Entretanto, a atividade representa potenciais impactos para a espécie bandeira da referida unidade de conservação, o boto-cinza (Sotalia guianensis; Van Beneden, 1864). Uma forma de tornar o passeio mais proveitoso, no que se refere à conservação ambiental, consiste em refletir, tanto sobre as potencialidades educativas proporcionadas por esta modalidade de turismo, quanto sobre a qualidade de informações apresentada aos visitantes em relação à APAA e seus objetivos de criação. Considerando o intenso fluxo dessas embarcações turísticas em um ambiente com alto valor de conservação, cuja dinâmica proporciona uma série de oportunidades didáticas para trabalhar a Educação e a Interpretação Ambiental, é esperado pelo órgão gestor da APAA, que esses condutores contemplem em seu discurso, apresentado aos visitantes, informações sobre a importância da APAA e seus eixos de conservação. Diante desse cenário, buscou-se compreender qual o papel da gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sobre a capacitação desses condutores compilando o material didático disponibilizado às três edições dos cursos de capacitação; identificar o perfil das pessoas que atuam como condutores ambientais na APAA, e como essas pessoas percebem sua atividade, através da análise de questionários; observar quais informações estão sendo trabalhadas a bordo e de que forma as oportunidades proporcionadas pelo passeio estão sendo, ou não, aproveitadas pelos condutores ambientais por meio de visitas técnicas em 10 de 22 embarcações habilitadas. Com isso, foi percebido que a informação ambiental não está chegando aos visitantes com qualidade, devido às limitações impostas pela dinâmica vigente do passeio que sobrecarrega os condutores com outras funções, que não, informar os visitantes. E foram explicitadas sugestões de alterações na estrutura da atividade visando mitigar tais efeitos. |