Elaboração de um modelo explicativo do volume de tráfego de pedestres: estudo de caso em São Bento do Sul

Abstract

A compreensão sobre os fatores que influenciam os volumes de tráfego de pedestres possibilita o planejamento de infraestruturas que atendam aos critérios da população em suas viagens a pé. Assim, incentivam a priorização dos não-motorizados, conforme preconiza a Lei n° 12.587/2012. Contudo, ainda há muito a ser feito pelas prefeituras brasileiras neste sentido. A quantidade de dados e estudos relativos ao transporte pedonal são, muitas vezes, insuficientes para a elaboração de ferramentas que buscam compreender o comportamento de pedestres. Este trabalho visa elaborar um modelo explicativo do volume de tráfego de pedestres na região central de São Bento do Sul, um município de porte médio. Foi utilizado o método de regressão linear múltipla para relacionar o volume de tráfego de pedestres na hora de pico com características socioeconômicas dos habitantes e do ambiente construído da área de estudo. A área de estudo é composta pelo bairro Centro, onde os segmentos de calçadas entre duas interseções são considerados como unidade de análise. O volume de tráfego de pedestres nestes segmentos foi auferido em contagem volumétrica por meio de filmagens. As características socioeconômicas e do ambiente construído foram levantadas em documentos da administração pública, em dados georreferenciados e em campo. Os dados foram processados para obtenção das variáveis relativas aos segmentos utilizando linguagem de programação. As variáveis que compõem o modelo explicativo foram selecionadas de acordo com a análise estatística dos resultados do método "todas as regressões possíveis". O modelo resultante apresenta alto coeficiente de determinação (R²) e é composto pelas variáveis: quantidade de domicílios, soma da área construída de edificações de uso misto e quantidade de edificações de uso comercial que interceptam a área circular com raio de dez metros a partir dos segmentos analisados, a porcentagem de extensão de equipamentos de sombra e abrigo e a largura útil das calçadas, em metros. O procedimento desenvolvido requer poucos recursos, e pode ser replicado tanto na academia quanto no setor público, de forma a ampliar a quantidade de estudos sobre o comportamento de pedestres e a destacar a importância da manutenção de informações sobre o transporte pedonal dos municípios e deste modo de transporte, como um todo.