Abstract:
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A hipertensão arterial (HA) é uma doença multifatorial e, dentre as doenças crônicas não
transmissíveis (DCNTs), é uma das mais prevalentes na população idosa. O treinamento
combinado (TC), junção do treinamento aeróbio e resistido, é indicado na prevenção e no
tratamento não medicamentoso da HA. No entanto, a literatura carece de trabalhos que
evidenciem a influência do ambiente (indoor e outdoor) durante a execução do TC nos valores
pressóricos. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar o efeito do TC, com o exercício
aeróbio realizado indoor e outdoor, sobre a pressão arterial (PA). E investigar a relação da
Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) e resposta afetiva com a PA e FC nos diferentes modelos
de treinamento em adultos e idosos com fatores de risco cardiovascular. Participaram deste
estudo adultos e idosos de ambos os sexos, com fatores de risco cardiovascular, integrantes do
Programa de Reabilitação Cardiorrespiratória (PROCOR). O programa de treinamento foi
aplicado três vezes por semana em dias alternados, sendo realizado TC. As sessões tiveram
duração de 60 min, sendo 24 min destinados ao exercício aeróbio, aproximadamente 20 min
aos exercícios resistidos e, por fim, nos últimos 10 min, foram realizados exercícios de
alongamento. O treinamento aeróbio (TA) foi realizado em esteiras ergométricas e bicicletas,
no laboratório de ergonomia (indoor), ou em pista de caminhada (outdoor), tendo progredido
em intensidade de leve para moderada, controlada a partir da percepção subjetiva de esforço
(escala de Borg). O treinamento resistido (TR) foi composto por exercícios para os principais
grupamentos musculares, executados de maneira dinâmica, envolvendo o peso do próprio peso
corporal ou materiais alternativos. A intensidade do TR progrediu de leve para moderada e foi
controlada com base em zona alvo de repetições máximas ou em tempo de execução (ex:
máximo de repetições em 30 segundos). Antes e após nove semanas do programa de
treinamento, foi mensurada a PA de repouso, ao passo que, nas últimas sessões de treinamento,
foi mensurada a resposta afetiva ao exercício. Para a comparação das variáveis hemodinâmicas
entre grupos, foi utilizada ANOVA two-way para medidas repetidas. O teste post hoc de Tukey
foi aplicado para a identificação das diferenças específicas. A correlação linear de Spearman
foi aplicada para avaliar a relação de carga interna e resposta afetiva com as variáveis
hemodinâmicas dos grupos de treinamento. Em todas as análises foi adotado um nível de
significância de 5%. No total, 26 participantes foram incluídos no estudo, sendo a maioria
idosos (84,6%) e do sexo masculino (61,5%). Não houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos TO e TI para PAS e FC. No entanto, para a PAM foi identificado efeito isolado
do grupo (p = 0,015), com valores estatisticamente menores para o grupo TO. Além disso, efeito
isolado do grupo (p = 0,004) e interação grupo vs. tempo foi observada para a PAD (p = 0,04).
Diferença estatisticamente significativa foi identificada entre grupos no momento póstreinamento, com menores valores observados para o grupo TO (p = 0.0007). O grupo TO
apresentou melhores respostas afetivas ao treinamento, sendo observada uma correlação inversa
para PAS (r = -0,60; p = 0,03) e PAM (r = -0,62; p = 0,02), sugerindo que os participantes que
relataram maiores índices de afetividade ao treinamento apresentaram maiores reduções na PAS
e PAM. Conclui-se que o TC com exercício aeróbio realizado outdoor, parecer ser mais eficaz
para redução de PAM e PAD e apresenta melhores respostas afetivas ao treinamento, o que
parece interferir no efeito do TC na PA. |