Gestos e aprendizagens rumo ao prazer: o sujeito feminino em uma (re)invenção de si

Abstract

O prazer, acontecimento que atravessa o sujeito, o cinde e o desconstrói, é o ponto central que move esta pesquisa de Doutorado. Parte-se do romance de Clarice Lispector - Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - como a possibilidade de ter, ali, na experiência da personagem Lóri, a elaboração de uma ética do prazer: Lóri, ao colocar-se em uma jornada de aprendizagem, faz um exercício de si sobre si mesma, em um processo de reelaboração de si e de transformação como sujeito, atingindo um certo modo de ser e de agir diante da possibilidade de ser sujeito do seu prazer, de escolher ter e experienciar o prazer e a alegria - experiências de si que se dão consigo mesmo enquanto sujeito, com seu corpo e na relação com o outro. Esse processo a que Clarice Lispector imerge Lóri exige dela uma atitude que dialoga com o que Michel Foucault entende como atitude de modernidade: a elaboração de uma maneira de pensar, de sentir, de agir e de se conduzir diante do e no prazer. Essa atitude exige do sujeito uma postura de transgressão de limites, sendo atravessado e de-subjetivado para tornar-se outro sujeito. Do mergulho no prazer e na alegria não se sai o mesmo de outrora.

Abstract: The pleasure, event which crosses the individual, divides and deconstruct it, it is the focus that moves on this doctorate research. Beginning with Clarice Lispector's novel - Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - as a possibility to have, in it, in the experience of the character Lóri, the elaboration of an ethics of pleasure: Lóri, when stands herself into a learning journey, does an exercise of her in herself, in a process of reelaboration and transformation as a subject, reaching a certain manner of be and act through out the possibility to be a person of her pleasure, that chooses have and experience the delight and joy - experiences of herself as a subject, with her body and also in relation to the other. This process in which Clarice Lispector immerses Lóri demands her an attitude that converses with what Michel Foucault understands as an attitude of modernity: the elaboration of a way to think, feel, act and conduct herself in front of and in the pleasure. This posture demands from the subject a bearing of breach of limits, crossed and de-subjectived to become another subject. Plunge into pleasure and joy it will not be the same as before.