Os nomes da loucura: discurso diagnóstico e tratamentos na emergência da psiquiatria em Santa Catarina (1939-1942)

Abstract

Este trabalho trata das práticas de institucionalização da loucura nos anos iniciais de funcionamento do Hospital Colônia Sant?Ana, localizado em São José, Santa Catarina. O trabalho se concentra na discussão sobre os anos 1939 a 1942. Para isso, foram discutidas as condições de possibilidade para a construção do Hospital a partir da análise de documentos em diferentes espacialidades e temporalidades. As fontes utilizadas vão desde a legislação vigente acerca dos espaços de institucionalização, de 1934 e 1941, os decretos 24.559 e 3.171, o Plano Hospitalar Psiquiátrico, relatórios de funcionamento do Hospital escrito pelo Diretor Agripa Faria, discursos políticos e de profissionais de saúde da época, bem como os prontuários de pacientes internados em 1942. Estas fontes permitiram debater a política de saúide mental do Estado de Santa Catarina na década de 1940, ancorada na ideologia do Estado Novo, articulando os dados de forma a caracterizar o tratamento psiquiátrico no ambinte institucional enquanto traço de uma política pública. O trabalho apresenta uma discussão acerca das diretrizes dos serviços nacionais de saúde pública da época, especialmente os debates dos psiquiatras envolvidos na formulação do Serviço Nacional de Doenças Mentais, comparando as formulações do Ministério da Educação e Saúde Pública com os comentários do Dr. Agripa de Castro Faria, diretor do HCS no período aqui abordado. Adentrando a política de saúde pública catarinense, a pesquisa debate as características do Hospital Colônia Sant?Ana, de forma a entender os serviços por ele fornecidos, buscando compreender como se estruturava. A partir da pesquisa com os prontuários, é apresentado o levantamento sobre a quantidade de internos e seu perfil social, mostrando dados quantitativos sobre a população da instituição. Discute-se também os diagnósticos, a disciplina hospitalar, as políticas de gestão populacional e a biopolítica, a medicação e os tratamentos empregados no Hospital Colônia Sant?Ana durante o primeiro ano de funcionamento de instituição.

Abstract: The following work discusses practices of institutionalization of madness in the first years of Colônia Sant'Ana Hospital, in São José, Santa Catarina, Brazil. The main focus is laid on the years ranging from 1939 to 1942. To achieve this, conditions leading to the construction of the Hospital were discussed, based on the analysis of documents pertaining to different spatialities and temporalities. Sources include legislation regarding these spaces of institutionalization from 1934 to 1941, including the Brazilian decrees number 24.559 and 3.171, the National Psychiatric Hospital Plan, reports written by hospital's director Agripa Faria, speeches by political figures and health professionals of the time, as well as medical reports of patients hospitalized in 1942. These sources allowed the discussion of the mental health policy adopted by the state of Santa Catarina in the 1940s, anchored in the ideology of the \"Estado \"Novo\", by articulating the data as to interpret psychiatric treatments in the institution as trace of a broader social policy present at the time. This work presents a discussion about the national public health services guidelines of the time, especially in which concerns the debates of the psychiatrists involved in the formulation of the National Service of Mental Diseases, by comparing the formulations of the Ministry of Education and Public Health with the comments of Dr. Agripa de Castro Faria, director of Colônia Sant'Ana Hospital (CSH) in the period here covered. Entering Santa Catarina's public health policy, this research discusses the characteristics of CSH, in order to understand the services provided by it and how it was structured. The research from the medical records allows to present the data survey of the number of inmates, their social profile and other quantitative data of the institution?s population. It also discusses the diagnosis, hospital discipline, population management policies and the biopolitics, medication and treatments employed at Colônia Sant'Ana Hospital during the institution?s first year of operation