Morrer para não sofrer: questões de gênero e suicídios em Castro/PR (1890-1940)

Abstract

Esse estudo analisa o suicídio por uma perspectiva de gênero no contexto do município de Castro, Paraná, Brasil, entre 1890 e 1940, a partir da documentação policial. Em vários dos inquéritos analisados, percebe-se que determinações sociais de gênero geraram violência e trouxeram sofrimento para muitas pessoas e isso fez com que algumas preferissem a morte em lugar de uma vida oprimida. Diferentes áreas do conhecimento têm produzido reflexões sobre o suicídio, geralmente levando em conta as percepções culturais expressas nos discursos sobre ele. Nessa tese, reflito sobre como o ato de por fim à vida tem sido pensado para em seguida buscar compreender se um tema tão difícil para a sociedade pode ser pensado pela história de uma forma em que a pessoa, sua dor e seu ato sejam o foco e não apenas o que se disse sobre o suicídio nos discursos institucionais. Os arquivos policiais permitem uma abordagem sobre o suicídio que se pauta nas experiências ali presentes, nas emoções reveladas nas narrativas das testemunhas, que eram pessoas próximas àquelas que suicidaram ou nas palavras escritas por essas próprias pessoas ao se despedirem da vida.

Abstract: This study analyzes suicide from a gender perspective in the context of the municipality of Castro, Paraná, Brazil, between 1890 and 1940, based on police documentation. In several of the surveys analyzed, gender social determinations have generated violence and brought suffering to many people and this has led some to prefer death rather than an oppressed life. Different areas of knowledge have produced reflections on suicide, generally taking into account the cultural perceptions expressed in the discourses about it. In this thesis, I reflect on how the act of ending life has been thought to then seek to understand if such a difficult subject for society can be thought of by history in a way that the person, his pain and his act are the focus and not just what was said about suicide in institutional discourse. Police archives allow an approach to suicide based on the experiences there, the emotions revealed in the narratives of the witnesses, who were people close to those who committed suicide, or the words written by those same people as they said goodbye to life.