O processo de strategizing e os aspectos constitutivos das rotinas organizacionais: um estudo de caso na Autoridade Portuaria de Valencia, Espanha

Abstract

O referencial analítico da estratégia como prática está fundamentado em três elementos basilares, quais sejam, as práticas, a práxis e os praticantes, sendo que é da intersecção entre eles que decorre o strategizing, ou o fazer estratégia. Neste sentido, as estratégias são colocadas em prática por meio das vivências dos atores sociais e a integração das mesmas ao contexto organizacional, sinalizando a aderência da perspectiva estratégica aos estudos sobre rotinas organizacionais. É nesse contexto que o estudo realizado propõe a devida aproximação teórica entre a abordagem da estratégia como prática e o conceito de rotinas organizacionais, oriundo da economia institucional evolucionária. Posto isto, o objetivo precípuo desta tese consiste em compreender como ocorre a dinâmica entre o processo de strategizing e os aspectos constitutivos das rotinas organizacionais, quais sejam, os aspectos ostensivo, performativo e material. Para atingir este propósito, realizou-se uma pesquisa de cunho qualitativo na Autoridade Portuária de Valência, na Espanha, visando explorar o contexto das estratégias de sustentabilidade no setor portuário, o qual assume papel basilar no desenvolvimento sustentável de determinado país ou região. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, observação e análise de documentos. Por meio da análise das narrativas e pattern matchig foi identificada uma relação de permeabilidade entre strategizing e rotinas que não permite a dissociação dos elementos que a compõe. A fronteira entre os elementos constituintes da Estratégia como Prática e das rotinas organizacionais é tênue, incerta e tais aspectos estão imbricados em um processo uníssono e indivisível. Em síntese, entender as rotinas organizacionais como sendo o amálgama entre atores, processo e conteúdo da estratégia, o lócus espacial e temporalmente situado onde pensamento e ação se estabelecem, dependente de seu contexto e história, remete à visão de que, em verdade, faz-se razoável partir da perspectiva da estratégia como prática para ampliar seu alcance e propor aquilo que pode ser compreendido, no limite, por Estratégia como Rotinas.

Abstract: The analytical framework of strategy as practice is based on three basic elements, namely, practices, praxis and practitioners it is the intersection between them that strategizing arises, or the strategy making. In this sense, strategies are put into practice through the experiences of social actors and their integration with the organizational context, putting light into the adherence between the strategic perspective and organizational routines studies. Based on this, this research proposes a theoretical approximation between strategy as a practice and organizational routines approaches, connecting strategy to the evolutionary institutional economy. Therefore, the main objective of this thesis is to understand the dynamics between the process of strategizing and the constitutive aspects of organizational routines ostensive, performative and material aspects. In order to achieve this purpose, a qualitative research was conducted at the Port Authority of Valencia, in Spain, to explore the context of sustainability strategies in the port sector, assuming a paramount role in sustainable development of a given country or region. Data were collected through interviews, observation and document analysis. Through the analysis of narratives and pattern matching, we identified a permeability between strategizing and routines that does not allow the decoupling of the elements that compose these concepts. The boundary between the constituent elements of Strategy as Practice and organizational routines is tenuous, uncertain, and such aspects are embedded in a unison and indivisible process. The findings indicated the organizational routines as the amalgam of actors, process and content of strategy in a spatial and temporal locus in which thoughts and actions are established, involving the context and the history of the organization. From the results, it is reasonable to say the perspective of strategy as a practice has broaden its scope, proposing that strategizing is, in the limit, Strategy as Routines.