Abstract:
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O câncer é um problema de saúde pública mundial, sendo registradas, em 2018, 9,6 milhões de mortes por câncer em todo o mundo. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, o câncer de mama e o câncer do colo do útero são, respectivamente, o primeiro e o terceiro tipo de câncer mais frequente na população feminina. O gene HLA-G está localizado no complexo principal de histocompatibilidade e apresenta função de escape da imunovigilância. A região 3’ não traduzida do gene apresenta alto grau de variações nucleotídicas, como os polimorfismos 14 pb In/Del (rs1704), +3142 G/C (rs1063320) e +3187 A/G (rs9380142). Os alelos 14 pb Del, +3142 C e +3187 G estão associados a maior estabilidade do mRNA e, consequentemente, maiores níveis de expressão da molécula de HLA-G. Desta forma, esses polimorfismos podem estar associados ao desenvolvimento e capacidade de invasão das células cancerígenas devido ao escape da imunovigilância. Tendo em vista o papel do HLA-G e de sua expressão ser alterável pela variabilidade dos três loci citados, o objetivo do trabalho foi verificar a associação dos polimorfismos com o desenvolvimento das doenças em um estudo caso-controle, bem como dos dados epidemiológicos como a presença ou ausência de infecção por HPV, hábito tabagista e histórico familiar. A amostra do câncer de mama foi composta por 98 pacientes diagnosticadas com carcinoma ductal invasivo e 101 pacientes controle sem evidência da doença. A amostra do câncer do colo do útero foi formada por 37 pacientes diagnosticadas com lesão invasiva do colo do útero e 52 mulheres sem lesão ou histórico da doença. Foi realizado teste de qui-quadrado exato para as variáveis do grupo caso, entretanto não foram encontrados valores de p significativo, demonstrando homogeneidade entre os grupos. Por regressão logística foi observado um resultado significativo para a combinação haplotípica DCADGG, indicando um caráter protetivo quanto ao câncer de mama (p=0,024). Por regressão de Poisson observamos uma razão de prevalência de 3,914 para a presença de HPV em pacientes com câncer de mama em relação aos pacientes controles (p>0,001). Em conclusão, esse estudo indica que a presença de HPV é um fator que influencia no desenvolvimento do câncer do colo do útero, enquanto a combinação haplotípica DCADGG tem uma influência protetiva em relação ao desenvolvimento do câncer de mama. |