Abstract:
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Durante a infância somos constantemente estimulados a desvendar nossos sentidos, ampliar nossas percepções, “conhecer o mundo”. Sob a assertiva de que já absorvemos o suficiente, vamos, pouco a pouco, desconhecendo-nos. Não tiramos mais os sapatos para pisar a areia, nem pintamos com os dedos para não sujar os pés ou as mãos. Por julgar já conhecer, não nos permitimos sentir, mais uma vez, o aroma da flor, a textura áspera da pedra. Ao acompanhar a produção arquitetônica atual, seus rumos e tendências, deparo-me com uma Arquitetura sobretudo visual, que visa sua propagação nas mídias de massa através de fotos - vistas parciais - que, por sua vez, são estáticas, ainda que a Arquitetura manifeste-se, essencialmente, em sua fruição dinâmica. O que compreendemos como determinado objeto é, na verdade, uma coletânea de diferentes vistas - adumbrações - as quais nos conferem uma ideia do todo. A cidade é, portanto, "um objeto que nunca foi e nunca será visto em sua inteireza por ninguém" (ARNHEIM). A vivacidade altera constantemente a conformação do espaço público, por intervenção das pessoas, dos eventos e de suas respectivas apropriações. Na proposta, criam-se novas vistas parciais à cidade por meio das experiências. |